Mundo ficciónIniciar sesiónPOV Zadock
Eu sempre colecionei silêncio. Silêncio de motores afinados, de couro novo, de contratos que gritavam números sem emitir um som sequer. Meus carros sempre foram minha liturgia: aço, fibra de carbono, curvas que foram desenhadas por homens obcecados o suficiente para merecerem todo o meu respeito.
Cada uma das minhas máquinas tinha uma história, uma assinatura, um humor próprio. Havia os que berravam vitória na primeira acelerada e os que ronronavam como uma fera doméstica que aceitava coleira apenas diante do dono.
Passei a manhã no escritório, desfazendo a pilha de papéis que outro homem chamaria de impossível.
A memória do vestido preto moldado no corpo de Caliana insistia em surgir como um reflexo num vidro: eu virava a cabeça e a imagem sumia, mas a certeza do contorno ficava. Ela tinha caminhado pelos corredores como quem experimentava a







