O sol estava raiando quando Corá foi acordada por sua tia aos gritos.
- Corá! Acorde, seu tio está preso no curral e não consigo soltá-lo.
- Calma tia!
- Não me mande ficar calma menina...
- Tudo bem, vamos lá que eu ajudo.
Quando as duas chegaram Hedar e Marion estavam tentando abrir a porta, mas sem sucesso. Corá chegou e olhou as duas com muita dó.
- Meninas, não adianta fazer força. Vou entrar e desengatar por dentro.
- Não! – Gritou seu tio. – O touro se soltou e fiquei trancado aqui com ele.
- Saia pelo telhado tio.
- Não consigo chegar até onde está aberto, e se entrar não conseguirá abrir a porta.
- Mas posso entreter ele para o Sr. destrancar a porta.
- Melhor. Solte-o!
- Não dá tio. Só se ele estiver amarrado, irá matar os bezerros.
- Querida, ou será um dos bezerros ou eu, não irei aguentar muito tempo aqui em cima.
- Me dá dois minutos tio. Deixa-me pensar...
As meninas e sua tia ficaram olhando Corá, que virou de costas e começou a sacudir os braços. De repente ela parou e virou de frente para a porta e fixou seus olhos nela.
- O que foi querida?
- Já sei tia! Tio aguenta aí, só mais um pouquinho.
Saiu correndo, entrou no galpão e pegou uma enorme corda, fez um nó com um laço enorme e voltou. Subiu na porta do curral que dava para o pasto pelo lado de fora, pendurou a corda armando o laço na altura do peito do touro. Desceu, destrancou a porta, subiu novamente e abriu, largando o laço. O touro saiu correndo enganchando o laço em seu pescoço. Com o tranco que a corda deu o touro caiu. Ela conseguiu entrar e fechar a porta deixando o touro amarrado. Seu tio desceu e assim conseguiu abrir a porta de entrada. Ele saiu e abraçou suas filhas.
- Como isso aconteceu Thauní?
- Não faço ideia minha irmã. Parece que alguém o colocou aqui dentro de propósito.
- Nossa, tio, isso seria bem difícil, pois ele é muito bravo.
- Não sei Corá, ele estava preso do outro lado, e não... Deixa, agora temos que prendê-lo novamente. O que as duas fazem acordadas?
- Ouvimos os gritos da titia e viemos ver o que estava acontecendo. Desculpe papai.
- Tudo bem queridas. Vamos tomar o café da manhã e depois veremos como prender ele. Tome um banho Corá, ainda tem que se arrumar para ir para a escola.
- Sim tio.
- Vou arrumar o lanche das meninas antes do café.
- Espere Alexí. Entrem meninas e deixem um banheiro somente para Corá, ela precisa tomar um bom banho para não ir fedendo para a escola.
- O que houve irmão?
- Me trancaram lá, tenho certeza. Ainda bem que você me ouviu.
- Como? E quem teria coragem?
- Alguém que conhece muito bem nossa rotina e o touro.
- Não entendo! Por quê?
- Não faço ideia. Por isso temos que ficar atentos, chame o Brent. – Capataz da fazenda.
- Chamo, mas após o café.
Eles tomaram café e logo em seguida Alexí foi até o campo onde Brent estava pastoreando algumas ovelhas. Ele avistou-a e foi cavalgando até seu encontro.
- Sra., posso lhe ajudar?
- Sim, Thauní quer ver você?
- É sobre o fato de hoje de manhã? – Falou descendo do cavalo.
- Sim, é sobre isso mesmo.
- Você está linda!
- Agora não Brent, alguém pode nos ver.
- Não gosto desta privação.
- Sinto muito, mas temos que ser discretos.
- Eu sei, desculpe. Mas nossos tempos estão tão limitados.
- Irei tentar tirar algum tempinho para nós.
- Querida, desculpe. Irei vê-lo agora.
- O que acha que aconteceu?
- Não faço ideia, o touro estava preso do outro lado. Isso foi muito estranho. Parece coisa feita.
- Você também?
- O patrão também acha?
- Sim.
- Foi muito estranho.
Brent sentou e conversou com Thauní e combinaram de investigar o acontecido.