O eco do silêncio de quem foi, e o grito abafado de quem ficou.
Acordei novamente durante a noite e fiquei ali, deitada na cama, olhando pro teto como se ele pudesse responder alguma coisa. Tinha tentado dormir, mas o sono me jogava de volta na mesma prisão: Allie. O rosto dela, a voz, a forma como ela sorria até quando tentava esconder a tristeza. Merda. Desde a primeira vez que nos vimos até hoje, tudo entre a gente tinha sido confuso, impulsivo, errado... mas também tão certo que doía. E a única coisa que eu conseguia sentir com clareza era esse maldito sentimento que me corroía por dentro, que me arrancava o ar e a lucidez. Uma coisa que eu nem sabia nomear.
Não conseguia explicar o que era, só sabia que era forte. Real. Assustador.
Fechei os olhos tentando afastar a dor, mas o que veio foi pior. Estava caminhando na calçada, a caminho da escola, cabeça cheia, quando aquela maldita loira surgiu na minha frente. O olhar dela tinha algo de insano, sombrio, doentio. Uma faca nas mãos