— Seu chefe? — Elaine perguntou, com um tom de confusão e aquele jeito dela de já prever caos.
— Sim… meu chefe está sendo um grande problema.
— Que tipo de problema? — a voz dela ficou mais curiosa. — Achei que ele não estava mais sendo tão frio e grosso como no começo.
— Não está. — suspirei. — Mas não sei se prefiro ele assim… ou se queria que voltasse a ser frio e distante.
— Como assim? O que ele fez?
Engoli em seco, olhei pro teto, e as lembranças vieram com força.
— Ele está muito próximo. Muito mesmo.
— Muito quanto, Alana? — ela perguntou, desconfiada.
Fiquei alguns segundos calada, e então falei num sopro:
— Ele me beijou.
— O quê?! — o grito dela atravessou o telefone como uma sirene.
— Ai! Meu ouvido, Elaine! — reclamei, rindo nervosa.
— Desculpa, mas como assim ele te beijou? E você deixou?
Cobri o rosto com as mãos.
— Eu… deixei. Quer dizer… primeiro não, eu o empurrei, mas depois foi no impulso, eu nem sei explicar. Só aconteceu.
Ela ficou em silêncio por um instante.