POV: LILITH
— Sempre, Rainha — respondeu ele em voz baixa, quase um sussurro. Seus dedos longos e elegantes trabalharam com cuidado, pressionando o lenço contra os cortes profundos feitos pelo vidro. Ele não desviava o olhar. — Por que permite que ele faça isso com você?
Eu ri. Um riso curto, rouco, amargo.
— Sabe da resposta, meu querido — murmurei, a voz baixa e carregada de veneno doce.
Levantei a mão machucada e toquei o rosto dele com delicadeza calculada. Meus dedos deslizaram devagar pela linha da mandíbula, depois subiram até os fios loiros perfeitamente penteados. Os afaguei com carinho lento, como se estivesse consolando uma criança, mas meus olhos purpuras nunca deixaram os dele, frios, atentos, manipuladores.
— Assim como sua mãe, Lúcifer também aprisiona minha alma. Somos prisioneiras do mesmo monstro, ela e eu. E só há uma forma de sermos libertadas.
Fiz uma pausa curta, deixando as palavras afundarem. Observei o rosto dele se alterar: a elegância fria dando lugar a algo