Capitulo 5

Antes mesmo de abrir meus olhos sinto meu corpo todo doer. Quando os abro uma luz forte os invade me obrigando a fecha-los novamente. Quando consigo me acostumar com a claridade percebo que não estou em casa, ou em qualquer lugar conhecido. Procuro em minha mente o que aconteceu e tudo vem como um soco, a boate, a praia e o acidente, me fazendo sentir uma dor forte na cabeça. Sem permissão meus olhos se enchem de lagrimas e tento me levantar mais uma vez o que me faz perceber que meu braço direito está engessado, o que não tinha percebido até o momento. A porta do quarto se abre e minha mãe entra. Calma, minha mãe?

- Mãe? – Minha voz sai grossa e ranha minha garganta pela falta de água.

- O meu Deus, você acordou minha filha.

- Não tenho certeza ainda, posso beber água?

- Vou chamar médico e trago água, estou tão feliz. – Me beija a testa antes de sair do quarto.

Alguns minutos depois minha mãe volta com um senhor de meia idade. – Olá Selena, sou o doutor George, você esta com alguma dor?

- Meu corpo todo dói.

- É normal, tome esses remédios que ajudara com a dor. – Diz entregando alguns remédios a minha mãe que me ajuda a toma-los com o copo de água que havia trago.

-Bom Selena, como já deve ter percebido seu braço está engessado. Na manhã do dia 19 de setembro, a sete dias atrás. Um carro em alta velocidade bateu no carro que você e Juliana estavam e acabaram entrando no hospital em estado grave. O motorista do carro que bateu em vocês estava bêbado e acabou morrendo na hora, o motorista do carro que estavam esta bem, apenas torceu o tornozelo.

- Sete dias? Morreu? Como a Ju está? O que houve com meu braço?

- Fique calma, Juliana está bem, saiu do hospital a três dias atrás, não teve nenhum machucado grave, não se preocupe. Você acabou fraturando o antebraço no acidente e foi preciso engessar. Não se preocupe, vai tira-lo em um mês. Daqui a pouco uma enfermeira irá vir te buscar para te levar para fazer alguns exames. Depois que os exames estiverem prontos eu volto, fico feliz que tenha acordado.

– Obrigado doutor. – Minha mãe o responde.

- Mãe, o que faz aqui? Estava com tanta saudade.

- Clara nos ligou para falar do acidente, e ficamos tão preocupados filha. No dia seguinte estávamos vindo para cá. Seus irmãos não conseguiram vir, mas ligam todos os dias para saber de você.

- Cadê o papai?

- Foi para casa, estamos ficando na casa dos Albuquerque e eles estão sendo tão bons conosco, são realmente pessoas especiais. Seu pai foi embora a algumas horas, estávamos revezando para ficar aqui, apesar que sua amiga queria morar aqui dentro.

- A Ju é assim, desde sempre. – Digo rindo.

Alguns minutos depois uma enfermeira entra no quarto, dizendo que vai me levar para fazer os exames. – Enquanto faz os exames vou ligar para todos, para dizer que acordou.

Fico uma hora fazendo exames, cada hora em uma sala. Achei que tirariam todo o meu sangue e quando já começo a me sentir cansada a enfermeira diz que acabou e que já estou voltando para o quarto. Agradeço mentalmente, pois já não estava aguentando mais. Quando chego no quarto já estão todos lá, menos Sebastian. Ganho abraços de todos, apesar do braço engessado tento abraçar de volta apesar da dor.

- Sebastian queria ter vindo querida, mas teve que ficar trabalhando.

- Tudo bem tia Clara.

- Como estava com saudade da minha pequena caçula. Selena, já estou velho, não pode ficar fazendo essas coisas.

- Eu juro que não fiz de proposito pai. – Respondo rindo enquanto o abraço, senti tanta falta disso. – Vão ficar ate quando?

- Apenas ate depois de amanhã querida.

- Só? Ficam mais, nos vemos tão pouco. – Choramingo.

- Queríamos muito minha princesa mais não podemos ficar. Conseguimos apenas dez dias de folga no trabalho e você passou todos eles dormindo. – Faço bico e meu pai ri.

Os dois dias seguintes passaram rápido e sábado infelizmente eles tiveram que ir embora. Já havia saído do hospital e junto com os pais de Ju os levei no aeroporto. Chorei como um bebe, da mesma forma quando fui me mudar, logo após a partida resolvi passar na faculdade para pegar todas as matérias que havia perdido durante essa semana que fiquei em coma. Os pais de Ju me deixam na porta e os convenço que estou bem e que conseguiria voltar para casa sozinha. Depois de muito insistir eles aceitam.

Pego todas as matérias da faculdade e tenho vontade de chorar pela quantidade de coisas que tenho que fazer, e meu braço engessado não ira ajudar em nada, tudo que vou fazer é uma dificuldade e preciso de ajuda. Agora não sei como vou morar sozinha. Resolvo pegar um Uber ao invés de ir de ônibus, pois nesse horário ele estará lotado e ir em pé com apenas um braço não vai ser fácil.

Quando chego em casa tento trocar de roupa e não consigo e penso no que vou fazer, antes de chegar a uma conclusão meu celular toca.

- Selena, onde você está?

- Estou em casa Ju.

- Está fazendo o que aí?

- Ue, nada.

- Selena, você acha mesmo que vai ficar morando sozinha com um braço quebrado? Você consegue pelo menos trocar de roupa com um braço só? – Não respondo. – Foi o que imaginei, arrume suas roupas, vai ficar aqui em casa ate se recuperar.

- Não vou não.

- Eu falei mãe, não sei nem para que liguei. Falei para a gente já ir e a trazer a força o que vai acontecer de qualquer forma. – Ju fala com tia Clara do outro lado da linha.

- Ju, não precisa. Posso me virar.

- Já falei que vai vir pra cá, arruma suas coisas Selena. Chego em alguns minutos. – diz e desliga antes que eu possa dizer qualquer coisa. Mas de todas as formas ela está certa, não consigo nem trocar de roupa, como vou ficar um mês vivendo sozinha? Começo a arrumar minhas coisas, ou tento, já que com apenas um braço não consigo fazer nada. Sento na cama e começo a chorar como uma criança. Escuto a porta do apartamento sem aberta mais não me mecho, logo tia Clara e Ju entram no quarto.

- Selena o que foi? Está sentindo alguma dor? Quer ir ao Hospital?

- Está tudo bem gente, só fiquei triste porque não consigo fazer nada com essa droga de braço quebrado.

- Não fique assim Selena, daqui um mês tudo voltara ao normal. E agora você irá morar junto comigo, olha que maravilha? Não se preocupe com isso, arrumo sua mala pra você. Mas não se acostume.

- Obrigado Ju, por tudo. – Digo a abraçando. Despois de terminar de arrumar as malas, fechamos o apartamento e descemos para irmos embora. Quando chegamos na casa de Ju, estou cansada e começo a sentir dor em meu braço. Abraço tio Paulo que está sentado na sala quando chegamos. – Selena, você vai ficar no quarto no andar de cima, do lado do de Ju, tudo bem?

- Claro tia, está ótimo. Obrigado.

Ficamos conversando ali embaixo até meu braço começar a latejar e me fazer subir para pegar algum remédio em minha mala que já havia sido levada para cima, me despeço de todos e subo. Quando chego em meu quarto vejo que tem sacada, apesar de vir muito aqui, sempre ficava no quarto de Ju e nunca entrei muito nos outros, então nunca tinha reparado. Tomo meu remédio e saiu para a sacada.

Fico algum tempo olhando para a bela vista. É possível ver algumas casas do condomínio onde moram e um morro ao longe, onde se é possível perceber que tem uma torre bem lá no alto e me pergunto que morro é aquele que nunca tinha reparado. Escuto meu celular tocar e vou a procura dele em algum lugar dentro de minha mala. Ao encontra- ló vejo que meu irmão estava me ligando.

- Oi Irmão, que saudade. – Caminho de volta a sacada e me sento em uma das cadeiras que tem lá.

- Oi irmãzinha, também estou com saudades. Desculpe não ter ligado antes, como você está?

- Está tudo bem, e você?

- Tudo bem também, apenas muito trabalho.

- Imagino, você sempre trabalhou demais. Tire férias e venha me ver.

- Em breve farei isso pequena, você deu um belo susto em todos nós.

- Eu sei, mas nada de grave aconteceu. Apenas um braço quebrado que não me deixa fazer nada sozinha. Tenho dificuldade ate pra comer. – Meu irmão ri do outro lado da linha. – E você ainda ri?

- Desculpe irmã, mas imagino você que desde pequena nunca conseguiu ficar parada ficar dependendo das pessoas assim.

- É horrível Jace. Estou morando na casa de Ju agora, pois não consigo fazer nada sozinha.

- É melhor assim estrelinha, ficamos todos mais tranquilos. – O apelido que meu irmão me deu quando ainda éramos crianças me faz encher os olhos de lagrimas. A saudade de casa me aperta o peito. – Veronica está te mandando um abraço apertado e diz que logo liga. Tenho que desligar Sel, se cuide. Te amo irmã.

- Mande outro a ela e diz que estou esperando a ligação. Também te amo irmão, venha me ver logo.

Desligo o telefone e sinto vontade de chorar. Entro para dentro do quarto e me deito na cama, me lembrando de quando vivia com minha família, acabo sendo vencida pelo cansaço minutos depois e acabo dormindo. Quando acordo vejo que já está anoite, procuro meu celular pra ver as horas e percebo que já é madrugada, meu estomago faz um barulho estranho e me lembro que não comi nada desde o almoço. Resolvo tomar banho e despois descer para tentar achar algo para comer. Quinze minutos depois estou descendo as escadas no total escuro e tentando fazer o mínimo de barulho possível. Quando chego ao fim da escada e me viro em direção a cozinha, dou o primeiro passo e vou de encontro a uma parede de músculos o que me faz desiquilibrar e sentir dor no braço, com um braço engessado não consigo me equilibrar com um só, fecho meus olhos esperando a queda mas ao invés disso sinto braços forte passarem por minha cintura me levando de encontro a um corpo do qual eu conheço. O cheiro conhecido não me deixa duvidas de que é ele. Mesmo ali no escuro, tinha plena certeza que era Sebastian, sinto sua respiração a centímetros de mim. A noite da boate me vem à mente no mesmo momento. Não queria admitir, mas estava com saudade daqueles braços ao meu redor e do seu cheiro.

Não queria e não podia acreditar que estava me apaixonando pelo idiota do Sebastian.  

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados