Capitulo 4

Já iria fazer um mês que eu e Sebastian estávamos trabalhando juntos e por incrível que pareça nós não discutimos mais. Sebastian continuava sendo o mesmo grosso e idiota de sempre, mas as vezes deixava seu lado gentil aparecer. Mas quando percebia isso, tratava de voltar a ser idiota. Como se fizesse isso de propósito.

O trabalho era bom, gostava de passar a tarde traduzindo e falando em francês com alguns dos sócios que ligavam para saber de algo. As roupas da coleção são incríveis e me sinto feliz por de certa forma fazer parte de algo assim. Sinto meu celular vibrar encima da mesa e pego sem tirar os olhos da tela do computador.

- Alô?

- Oi amiga, que saudade de ti.

- Oi Ju, também estou com saudades, mas o trabalho e a faculdade vêm me ocupando bastante tempo.

- Eu sei, mas hoje é sexta e iremos sair para dançar.

- Gostei da ideia, tem meses que não danço. – Adorava dançar quando morava em minha antiga cidade, fiz dança desde nova. Apesar de nunca ter coragem de me apresentar em público.

- Então lá pelas 20:00hs passo na sua casa e a gente resolve para onde vai.

- Tá, mas vem de Uber. Sei que vai beber e eu não sei dirigir.

- Tá bem mãe. Beijos, ate anoite. – diz desligando.

Quando ergo os olhos da tela do computador logo após desligar o telefone Sebastian está olhando pra mim com um olhar não muito amigável, mas logo volta a prestar atenção nos papeis que estava lendo. O restante da tarde passa devagar, chego em casa por volta das 19:00hs, tenho que correr ou não vai dar tempo de me arrumar. Quando estou quase pronta escuto Juliana bater na porta.

- Oii – diz me abraçando quando abro a porta.

- Oii Ju.

- Já esta pronta?

- Quase, só falta terminar de passar a maquiagem.

- Ok, quer ir pra onde? Abriu uma balada nova, todos estão dizendo que é boa. Dylan coloca a gente pra dentro de graça.

- O primo que me jogou na água?

- Esse mesmo. – Responde rindo.

- Você que sabe, só quero algum lugar pra dançar.

- Então termina de se arrumar que vou chamar o Uber.

Vinte minutos depois estávamos saindo de casa, rumo a Green Valley, uma balada nova que abriu alguns dias atrás. Parecia realmente boa, com as fotos que Ju me mostrou pelo celular. Trinta minutos depois chegamos e eu nunca tinha visto tanta gente, a entrada parecia um formigueiro. – Ju, a gente não vai conseguir entrar nunca.

- Claro que vai, Dylan disse que está nos esperando na porta. Vamos. – Diz me puxando pela mão. Logo encontramos seu primo e após muito esforço conseguimos entrar. Por dentro o lugar é incrível, tinha um palco onde algumas mulheres dançavam, uma escada que levava ao segundo andar onde só pessoas "pobres" ficavam. A Boate exalava dinheiro. Fomos direto para o bar.

- Vai querer o que Selena? – Ju fala em meu ouvido por conta da música alta.

- Nada, hoje eu só vim dançar. Não quero beber.

- Ok, e você Dylan?

- Uma dose de vodca. Para começar.

- Duas doses de vodca. – Diz para o Barmen. Já estava prevendo dois bêbados indo embora sem saber onde moravam. As doses chegam e eles viram de uma vez só. – VAMOS PRA PISTA. – Dylan grita nos puxando.

Desde criança gostei da dança, era como se eu conseguisse sentir as batidas da música dentro de mim e meu corpo criasse vida própria, sendo levado pela música. Certa vez quis fazer faculdade de dança, mas percebi que dança era algo que me ajuda a relaxar e não queria trabalhar com aquilo, acabar com o prazer que aquilo me dava. Nós três formamos uma espécie de roda e começamos a dançar, balançava meu quadril ao ritmo da música, enquanto passava a mão pelos cabelos. Logo começou a tocar funk e quem conseguiu ficar parado com um ritmo bom como aquele? Em algum ponto da noite Dylan sumiu entre as pessoas e não o vi mais, e Ju sumiu de vista logo depois, provavelmente com algum cara. Continuo dançando até sentir mãos grandes em minha cintura e um perfume que me acostumei sentir todas as tardes. Continuo dançando ate ele me virar e ficarmos frente a frente, ainda dançando passo minhas mãos por seu pescoço enquanto as deles então em minha cintura. Ele e nem eu dizemos nada, apenas ficamos nos olhando. Fomos parando de dançar aos poucos e ficarmos apenas ali parados nos encarando, até que nossos rostos começarem a se aproximar, ficamos a centímetro de distância, estava sentindo seu hálito de menta e a vontade de beijá-lo só aumentava, seus olhos alternavam em olhar para meus olhos e minha boca. Acabo prendendo meus lábios entre os dentes o que parece deixa-lo ainda mais aceso. Sua boca desde em direção a minha, ele ia me beijar e eu queria aquilo, só não sabia que queria tanto até aquele momento... Antes de sentir seus lábios uma briga começa ao nosso lado, pessoas e coisas começaram a cair. Acabo sendo empurrada e me soltando dele e não consegui mais encontra- ló no escuro e no meio de tantas pessoas, acabo desistindo e indo para o bar. O que eu estava fazendo? Iria beijar Sebastian? O idiota que me odeia? É, eu iria. – Uma água por favor. – Peço ao barmen. Ele logo me entrega. – Obrigada.

- Ei, encontrei você, estava te procurando. O que aconteceu ali no meio? – Ju aparece ao meu lado.

- Não sei bem, uma briga eu acho. – O lugar onde suas mãos estavam em minha cintura está quente até agora. Eu toda estou extremamente quente.

- Deve ter sido. Que horas são?

- Quase três da manhã. – Respondo depois de olhar no celular.

- Eu topo amanhecer aqui. – diz me olhando.

- Só saio daqui quando nos mandarem embora. – Nos levantamos e retornamos pra pista. Não vi Sebastian mais, e achava melhor assim. Só saímos de lá quando o Dj diz que a boate ia fechar. Quando chegamos do lado de fora, vemos o sol começando a dar sinal de vida. – Selena, vamos ver o sol nascer na praia, a praia é a alguns minutos daqui. Da para ir andando.

- Vamos, mas você sabe que a gente não é normal, não é? Acabamos de sair da boate e vamos para a praia? – digo rindo. A praia era mesmo perto, menos de 10 minutos e estavas chegando. Tiramos nossos saltos e sentamos na areia, o amanhecer sempre foi algo que me encantava, mas o daqui era sobrenatural, era como se o sol estivesse saindo de dentro do mar. Enquanto olho para o céu, penso em Sebastian e nosso quase beijo, ele sentiu o mesmo que eu, nossos corpos se chamavam, é como se meu corpo estivesse quente até agora. Só não faço ideia do que vai acontecer segunda quando nos vermos. – Vamos tirar uma selfie Selena, esse momento merece. – Ju fala me tirando dos meus pensamentos. Sorrimos as duas para o celular, com um por do sol como papel de fundo. Depois de algum tempo resolvemos ir embora e paramos em uma lanchonete que ficava em frente à praia, pois eu estava com um buraco negro no estomago. Já eram quase 8:00hs quando resolvemos ir embora pra casa, chamamos um Uber, no caminho para casa fomos conversando coisas aleatórias, até sentir o carro frear bruscamente.

Tudo acontece extremamente rápido, apesar de estar com cinto, minha cabeça bate no vidro do carro e no segundo seguinte o carro leva uma pancada e a última coisa que ouço é o grito de Ju antes de tudo ficar completamente escuro... 

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