Capítulo 5
Quando abri os olhos, percebi que estava no hospital. O quarto estava em silêncio absoluto, sem ninguém por perto. Da sala ao lado, ouvi a voz baixinha de Aníbal. Cobri minha ferida e, cambaleando, segui até a porta que estava entreaberta.

Vi a Carolina lá dentro deitada na cama. Ela estava pálida, com os pulsos enfaixados com grossas camadas de gaze.

O quarto estava cheio de médicos e enfermeiros que Aníbal havia chamado com urgência. Todos estavam ao redor de Carolina, fazendo diversos exames.

Ele estava sentado bem ao lado dela, segurando firme a sua mão, com o olhar cheio de ternura:

— Não fique com medo, já passou. Você e o bebê estão bem.

Os dois estavam de mãos dadas, tão próximos, tão íntimos, que não havia espaço para mais ninguém ali.

O meu peito doía tanto que não consegui olhar por mais tempo.

Acontece que, quando o coração se despedaça por completo, a dor é tão insuportável que até o simples ato de respirar se torna impossível.

Aguentei a minha dor, ignorei a instrução da enfermeira e pedi alta do hospital.

Depois de chegar à mansão, continuei a arrumar minhas coisas. Fui jogando fora tudo o que não me importava mais. Levei apenas o passaporte, alguns documentos e umas poucas roupas. Não levei mais nada. Os presentes que Aníbal me deu, deixei todos para trás.

Na cabeceira da cama ainda estava uma fotografia nossa. Olhei para ela por alguns segundos, depois arranquei a parte em que eu aparecia, amassei o resto e joguei no lixo.

Feito isso, puxei a mala e saí da mansão sem olhar para trás.

Justamente naquele dia, o meu visto para o país A tinha ficado pronto. Finalmente, poderia deixar este lugar de tristezas.

A funcionária sorridente me entregou o visto:

— Senhorita Lívia, parabéns. Boa viagem!

— Obrigada.

Olhei para o visto novinho, e pela primeira vez em muito tempo, senti uma paz incomum.

Antes de sair, eliminei todos os meus dados pessoais e comprei uma passagem só de ida.

Lembrei-me das palavras que Aníbal me dissera oito anos atrás, quando segurou a minha mão com força:

— Lívia, você é minha, ficará comigo pelo resto da vida.

Mas você se enganou, Aníbal.

Daqui em diante, não haverá mais lugar para você no meu mundo.

Depois de dar o remédio para Carolina e esperar que ela dormisse, Aníbal finalmente se lembrou de mim.

Voltou para o quarto onde eu deveria estar…, mas encontrou apenas uma enfermeira arrumando a cama.

A cama onde eu estava se encontrava vazia, sem nada.

Um pressentimento ruim lhe apertou o coração. Ele foi até a enfermeira:

— A paciente deste quarto… para onde ela foi?

— Você é familiar do paciente? — Estranhou a enfermeira. — A paciente recebeu alta de manhã cedo.

— Como assim?

O desespero o tomou por completo. Pegou o celular às pressas e tentou me ligar. Mas a chamada caía direto na caixa postal.

Só quando ele me enviou uma mensagem é que percebeu que eu havia bloqueado ele.

Aníbal levantou-se com um rosto sombrio.

Depois de passar várias horas, ele lembrou de ligar para o mordomo da mansão.

— Cadê a Lívia? Tá lá em casa? Passe o telefone para ela.

O mordomo demorou a responder. E quando respondeu, estava nervoso:

— Senhor Lima…A senhora foi embora! A empregada me disse que a viu com uma mala, e saindo de táxi da mansão!
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