Capítulo 08

Kamilla e Maria Elena estavam realmente encurraladas no canto da cama e o que levou o tapa da Elena já estava se abaixando para pegá-las, enquanto o outro lobo-soldado estava mais próximo da porta, essa foi a cena que vi quando entrei no quarto. Todos olharam pra mim, surpresos, os soldados se entreolharam e começaram a sorrir da ameaça que fiz segundos antes.

– Olha quem está aqui querendo participar da brincadeira também. – O lobo perto das meninas, o mesmo que ameaçou minha filha e proferiu palavras obscenas para elas, o que eu estava com mais vontade de matar. Ele era magro, alto e cabelo preto curto, Július.

– O Alfa sabe que você está fora do quartinho de vocês? – O outro lobo, que estava mais próximo da porta e, portanto de mim, foi quem disse. Esse era careca, mais forte e gordo, César.

Eu estava com o rosto sério, sem expressão, porém com a mandíbula apertada, quase rangendo os dentes e minhas mãos, que já eram garras pretas com pelos avermelhados, estavam nas costas para que eles não percebessem minha fúria.

– O Alfa sabe que vocês dois estão tentando atacá-las? Esse foi o serviço que ele mandou vocês fazerem? – Perguntei no mesmo tom do César.

Os dois se entreolharam novamente e arregalaram os olhos como se tivessem sido pegos no flagra. Július se afastou das meninas, como eu queria, e deu um passo na minha direção.

Eu sabia que eles iriam utilizar a força contra mim e estava preparada para brigar, meu maior medo e obstáculo eram as duas que estavam encurraladas dentro daquele quarto minúsculo, que não iriam conseguir se defender de uma luta de três lobos dentro daquele quarto, então eu tinha que tirá-los dali para que elas não sofressem nenhum arranhão.

Dois lobos-soldados contra uma fêmea indicava que eu estava em desvantagem, fora que havia mais dois soldados na entrada quando cheguei, o melhor das hipóteses é que tenham saído, pois se começar um briga aqui, os barulhos iriam chamar a atenção deles. 

Apesar de ter recuperado minhas energias e boa parte da minha força, ainda não estava cem por cento, cinco anos de escravidão não iria ser restaurado em uma manhã, mas o sangue do Lúcius e a alimentação que tive era o suficiente para enfrentá-los, eu preferia morrer a ver esses nojentos encostando na minha filhotinha, nela não!

– Tudo bem, podemos deixar elas irem se você nos agradar, o que acha?! – Július falou sorrindo. Claro que eles não iriam deixar elas se safarem, mas me fingi de idiota.

– Certo, então as deixe irem e eu farei o que mandarem. – Disse com a cabeça baixa e voz de rendição.

– Karol!? NÃO! – Elena olhou pra mim incrédula.

– Essa humana já está me enchendo o saco! O que você é? Protetora de puta? – Július encarou a Elena e pegou o seu braço. – Já que você quer tanto ficar então eu aceito que fique, enquanto meu amigo cuida da Karol. – Ele olhou de volta para o César, que olhou pra mim com um sorriso, então é isso, César cuida de mim enquanto o Július das meninas.

O soldado avançou em passos pesados enquanto eu recuava para fora do quarto.

– Isso mesmo, princesa, vamos para o outro quarto já que esse está ocupado. – Disse sorrindo e olhando para meu corpo, com seus olhos começando a brilharem de desejo. Até que avançou para pegar meu braço direito com minhas mãos ainda atrás das costas.

A mão do macho estava chegando ao meu ombro esquerdo quando me esquivei e segurei com minha garra direita. Ele avançou com a outra mão solta para pegar meu braço direito, mas o segurei com a garra esquerda. Levantei minha perna direita e dei um chute no seu abdômen, o macho se contraiu e cambaleou para trás agarrando o local que foi chutado e rosnou de dor e raiva, com o rosto dele na altura do meu peito, agarrei sua garganta a aprofundei minhas garras lá já no ponto de arrancar suas entranhas, mas o grito da Kamilla me distraiu e afrouxei o aperto na garganta olhando na direção do grito, Julius estava com elas fazendo o que bem entender, eu tinha que salvá-las.

A distração que tive foi perfeita para o macho contra-atacar segurando a garra que estava dentro da garganta e, usando o seu corpo, ele me jogou no chão com a mão direita na minha garganta e a outra segurando meu braço direito. César tentou me prender com as pernas, mas mesmo sendo sufocada, usei minhas duas pernas para chutá-lo novamente, e pegando impulso para dar uma cambalhota para trás, fiquei de joelhos me livrando do seu aperto. Meus olhos brilharam vermelho escarlate, o cabelo que estava solto caiu contra meu rosto e ao redor, mostrei meus caninos e rosnei. Ele ainda caído no chão, provavelmente com alguma costela quebrada, ficou olhando pra mim sem poder avançar, foi o momento perfeito para correr na direção do quarto e atacar Július.

No quarto, Kamilla estava deitada de bruços na cama e Maria Elena em cima da menina fazendo uma espécie de escudo humano enquanto o macho rasgava a roupa da mulher.

Rosnei para chamar sua atenção, ele me olhou incrédulo, parou de rasgar as roupas da Elena e ficou de joelhos na cama. Perfeito! Era o que eu queria, assim eu posso tirá-lo de cima delas sem machucá-las!

Avancei com um rugido e pulei contra ele, para meu azar, César correu atrás de mim e avançou nas minhas costas, nós três caímos contra a parede que, apesar de reforçada, não aguentaria três lobos lutando, então se quebrou,  e fomos parar a um metro de distância, do lado de fora do quarto, ainda dentro da cabana, só que em outro corredor de quartos para escravas. Nós três rolamos no chão, Július na minha frente, César atrás de mim e eu no meio deles.

Senti as garras do César afundando na minha barriga e uma dor começou a latejar, mas não podia me focar na dor e sim em Július que estava em cima de mim quando paramos de rolar, enquanto o outro estava embaixo. Afastei o ombro de Július, que parecia ainda estar sem entender nada do que estava acontecendo, e enfiei quatros garras embaixo do seu queixo, atravessando seu maxilar, língua e parando no céu da boca. Ele abriu a boca com o golpe e uma fina camada de sangue começou a sair de lá, o macho desmaiou logo em seguida.

Só faltava César, que estava rasgando minha barriga, se ele continuasse, provavelmente arrancaria algum órgão, para piorar, eu estava presa em cima dele, sem poder aplicar nenhum golpe, mais um segundo, eu poderia morrer ali.

Segurei sua garra direita, que era a que mais estava fazendo estrago na minha barriga, deixando um caminho de ferimento enquanto o sangue fluía, ele estava fazendo aqui de propósito, para me causar mais dor, pois estava se sentido humilhado por ter apanhado de mim minutos antes.

Com minhas duas garras focadas em uma dele, consegui puxar para cima, livrando minha barriga do seu ataque, segurei o pulso dele com a garra esquerda, entrelacei nossos dedos com a garra direita e impulsionei a mão dele para trás e para baixo ao mesmo tempo, quebrando seu pulso, ele gritou de dor e me soltou. Virei-me de frente pra ele enfiei os quatros dedos da garra direita entre seus olhos, o fazendo ficar cego. 

Enquanto o macho gritava de dor, eu corria na direção do quarto onde estavam as meninas, para minha sorte elas ainda estavam lá, acuadas na cama.

– VAMOS! – Rugi para que elas se levantassem da cama. Eu não esperaria mais nenhum dia para sairmos dali como havia combinado com a Elena de fugirmos no outro dia que era quando o Lúcius tinha permitido que eu dormisse com a Kamilla. Não! Esse plano deveria ser adiado e iríamos fugir agora!

Augusta Andrade

Esse capítulo contém cenas de violência, lutas e sangue.

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