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 Você é como um cavalo selvagem

Hanna

— Hanna, tem certeza disso? — Meu pai perguntou enquanto arrumava a mesa para jantar. 

Encarei seus olhos castanhos e pele mais bronzeada que a minha. Seus ombros eram largos apenas por carregar pesos. 

— Tenho, pai. Não vou voltar naquele castelo.

— Sabe que sua mãe pode enfrentar problemas.

— Nós conversamos, ela disse que ia explicar para a rainha e iria ficar tudo bem.

— Isso é o que ela diz. Sua mãe tem confiança em excesso. 

— Eu sei, mas não quero voltar a servir aquele vampiro. — Mostrei meu desgosto.

— Olha a boca, Hanna. Não saia falando dessa forma por aí.

— Desculpe, mas é o que sinto.

— Nesse mundo, às vezes é mais sábio esconder nossos sentimentos e desejos, minha filha. Você é jovem, vai aprender muito ainda.

— Vamos comer e esquecer desse assunto? Até porque não acredito que ele fará questão que eu volte. O príncipe não gostou nem um pouco de mim.

— Você não conhece caprichos dos vampiros, Hanna. Eu não a culpo, durante o dia eles não são tão presentes e os humanos são um pouco livres. Eu deveria ter te ensinado melhor.

— Justamente por isso que ele não deveria me chamar, não sirvo para isso.

Sentei à mesa e me servi do ensopado. Não acho que fará questão da minha presença, o príncipe deixou bem claro o seu desagrado. Disse para eu tomar banho.

Que absurdo, eu não estava fedendo, tomo banho todos os dias quando chego do trabalho.

Bufei.

“Esteja aqui no entardecer…”

Que arrogante. Ele que ache outra para servi-lo.

Antes que eu levasse a colher à boca, bateram na porta. Não eram batidas gentis, meu pai e eu nos entreolhamos. Não podia ser…

— Deixa que eu vejo — disse ele.

Larguei a colher no prato e cruzei os braços, dava para ver a porta da mesa da cozinha, bem, nossa casa era pequena igual a maioria das casas dos humanos.

Meu pai trocou algumas palavras e depois abriu mais a porta. Por ela, entraram dois vampiros. Eu nunca tinha visto, mas pelos trajes, serviam ao castelo.

— Nos acompanhe — disse um deles firmemente. — O príncipe mandou que a buscasse, serva.

— Eu não sou uma serva real, trabalho no campo — Levantei.

— Você irá andando com suas próprias pernas ou irá carregada. Escolha. — O outro disse tão rudemente como aquele vampiro.

— Hanna — Chamou meu nome naquele tom calmo e pacífico de sempre.  — Vá. É uma ordem do príncipe. Não desobedeça.

— Não posso nem terminar minha refeição? — perguntei inconformada, era muito injusto.

Um deles deu um passo à frente. Certo, não havia nada que pudesse fazer.

Maldito vampiro. Eu não tenho serventia nenhuma para ele. Ele só pode estar querendo se divertir às minhas custas.

Me despedi do meu pai e saí com os trapos que estava vestida. Ele iria me punir mesmo, não iria me vestir bem para isso.

Os guardas me escoltaram em silêncio. Mais uma vez, eu estava com mais raiva do que medo. Na verdade, eu só temia pela minha mãe. 

Realmente lamentava por não corresponder às suas expectativas, mas eu não levava jeito para servir a eles, ia acabar fazendo uma besteira e perdendo minha cabeça na forca ou até mesmo na mão dele. 

E quem sabe se esse momento não seria agora…

Dentro do palácio, havia cochichos por parte de alguns servos que passaram por mim, felizmente, minha mãe não estava entre eles. Seria vergonhoso ver sua filha chegando daquele modo.

Parei diante de uma grande porta de madeira. Eu não conhecia bem o castelo, mas não precisava ser inteligente para saber que ali dentro só podia estar o príncipe.

— Entre. — Um deles instruiu.

Foi o que eu fiz. Entrei sem hesitar.

— Com licença, vossa alteza — disse tentando não demonstrar desgosto. 

Não acredito que estou aqui de novo.

— Está atrasada. — Ele nem me olhou, estava mais interessado em alguns papéis na sua frente.

A mesa grande e escura combinava com ele, assim como tudo ali. Cheio de riquezas, porém, frio.

— Não achei que quisesse continuar com uma serva como eu, por isso não vim.

— Você não está aqui para achar. Eu lhe dei uma ordem quando disse que a queria aqui ao entardecer. — Finalmente me olhou.

Fui avaliada dos pés à cabeça e ele torceu os lábios. Talvez pensasse que eu tinha uma doença contagiosa ou algo assim. Eu gostaria que sim, para que ele desistisse de me manter aqui.

Oryan levantou e veio até mim. Ele estava com poucas vestes. A calça escura moldava bem suas pernas e a camisa branca estava aberta o suficiente para que eu quase visse seu umbigo.

— Posso ver em seus olhos o quanto odeia estar aqui, serva — Parou na minha frente, perto demais. — Eu considerei dispensá-la logo, mas sua rebeldia e indisciplina me fizeram decidir o contrário. 

— Seu servo voltará logo. Não precisará de mim, vossa alteza — retruquei, mas ele sorriu. Foi breve, mas me surpreendeu.

— Você é como um cavalo selvagem que precisa ser domado. E eu irei fazer isso.

Oryan encaixou a mão no meu pescoço em um aperto firme. Permaneci encarando seus olhos vermelhos sem vacilar. 

 O aperto aumentou. Por que ele simplesmente não me matava ou me deixava ir embora? 

— Mantenha em mente que não sou muito paciente. E quando minha paciência se esgotar, é melhor que corra, humana. Me espere em meus aposentos. 

Fui solta. No canto dos meus olhos, havia lágrimas, mas me recusava a deixá-las caírem.

— Sim, vossa alteza — O nome saiu com rancor e me curvei brevemente antes de sair da sala. 

Não havia ninguém no corredor e agradeci por isso, pois pude demonstrar ao menos a minha raiva de tudo o que estava acontecendo. 

Depois de ranger os dentes até quase quebrar e praguejar silenciosamente, respirei fundo. O melhor a se fazer agora é me acalmar e pensar em uma forma de ser dispensada dessa tarefa.

Não vou desistir tão fácil.

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