Após quatro anos de relacionamento, finalmente Kolby Sheffer pediu Lucretia Bellanti em casamento! Na véspera, ela não se aguentou e resolveu ligar para o seu noivo.
— Você sabe que dá azar ver a noiva antes do casamento! — Kolby disse suavemente. — Amanhã nos casaremos, fique tranquila. Por que não descansa, huh? Você será a Luna mais linda!
Lucretia fez um beicinho e estava prestes a falar algo, quando um gemido foi ouvido ao fundo da ligação. Ela franziu a testa e apertou o aparelho com força contra a orelha.
— Quem está aí, Kolby?
Ela podia jurar que ouviu um “Shh!” e uma risada feminina.
— Não tem ninguém aqui! Amor, acho que você tá cansada e nervosa. Amanhã é o nosso grande dia. É melhor irmos dormir.
Sem esperar por uma resposta, ele finalizou a ligação. Lucretia olhou para o celular em suas mãos e mordeu os lábios. Será que ela tinha mesmo ouvido errado?
“Claro que sim. Kolby me ama. Ele jamais me trairia!”
Com o coração mais calmo, ela decidiu seguir o conselho do noivo e ir dormir. Lucretia desceu do terraço em direção ao quarto dela, mas um som vindo do lado a fez parar e olhar. Era o quarto de Deidra, sua meia-irmã. Um gemido.
“Isso não é da minha conta…” Lucretia disse a si mesma, porém, mais um gemido e, dessa vez, masculino. Mas não era qualquer homem, aquela voz…
Mesmo sem querer acreditar, os passos de Lucretia a levaram para a porta entreaberta, como se se movessem por conta própria.
— Isso! Mais forte! — a voz de Deidra, cheia de luxúria, ecoava para fora do quarto, pela fresta da porta.
Lucretia ficou ali, parada, ouvindo enquanto o próprio noivo estava por cima da meia-irmã, que gemia sem pudores, as pernas ao redor do tronco dele, que investia com força.
Ao mesmo tempo que queria sair correndo para não continuar ouvindo o que a machucava, nem vendo a cena que lhe queimava o coração, o corpo de Lucretia não respondia, como se quisesse que ela testemunhasse a traição. Para que ela nunca esquecesse.
Lucretia finalmente despertou do choque e ia abrir a porta para confrontá-los, mas as próximas palavras da meia-irmã a fizeram parar com a mão no ar.
— Amor, por que vai casar com ela? Você nem a ama! — Deidra perguntou, de um jeito manhoso e fazendo pequenos círculos com o dedo indicador no peito pálido de Kolby.
— Eu já expliquei. Ela é a herdeira direta. Você sabe que o seu pai vai dar o comando do Bando a ela depois do casamento. — Kolby acariciou a bochecha de Deidra com o dorso dos dedos, uma expressão de pura adoração no rosto. — Depois que eu me casar com ela, já tenho planejado. Vou arranjar alguém pra dar um fim nela. Eu vou assumir o Bando e, então, você e eu poderemos ficar juntos. Você será a Luna do LongFang e do CrestMoon Pack.
Ele beijou Deidra com paixão, enquanto esta ria abafado. Lucretia sentiu o coração se apertar, esmagado pela dor da traição e acabou deixando que o celular lhe escapulisse pelos dedos.
— Quem está aí?! — Era uma voz feroz que ela nunca tinha ouvido.
O sangue de Lucretia congelou nas veias, o ar não parecia suficiente para encher-lhe os pulmões.
[“Anda logo!”], a loba de Lucretia, Kali, lhe implorou. [“Ele quer te matar”]
Sem pensar mais, ela desceu as escadas o mais rápido que podia, escorregando no último degrau. O rugido de Kolby foi ouvido e Lucretia sabia que, se não fosse rápida, ela seria finalizada!
Ao se levantar, Lucretia sentiu o tornozelo doendo. Ela tinha torcido! Mas aquilo era irrelevante. E ela não tinha tempo para esperar que o sangue de lobo Alfa em suas veias a ajudasse a se recuperar! Ela correu, sentindo, a cada passo, a dor irradiando para a perna inteira.
— Lucretia! — ela ouviu Kolby chamando por ela, porém, ela não podia parar, ela não podia nem mesmo olhar para trás. — Volte aqui agora mesmo!
A voz era mais grave.
Apesar da dor, a única coisa que surgia na mente de Lucretia era: Corra!
Ela disparou para fora da casa.
— Agarrem-na! Não deixem que ela fuja!