Isabela não negou, mas havia uma razão por trás daquilo.A expressão de Sandro se quebrou completamente.Ele soltou uma risada irônica. Parecia que ele estava zombando de si mesmo.Ele olhou para os pedaços de papel no chão e disse:— Eu nem fui nquela reunião, então esse comentário não foi escrito por mim.Naquele momento foi a vez de Isabela ficar em choque.— Não foi você?Rapidamente, ela recuperou a calma. Para ela, aquilo já não tinha mais importância.— Você pode ir embora agora. — Ela deu o aviso mais uma vez.Sandro a encarou intensamente, como se tentasse encontrar alguma emoção diferente no rosto dela.Mas a única resposta dela foi indiferença.— Você ama a pessoa que sou, ou...— Quer mesmo que eu chame a polícia? — Isabela o interrompeu de novo.Ela não queria ouvir nada sobre amor ou sobre o que ele sentia.Aquilo já fazia parte do passado.Se amou, e daí?Se não amou, e daí?Ficar falando do que aconteceu antes não fazia sentido algum.Era hora de olhar para frente.Entã
Leonardo bebeu tudo de uma vez.Isabela franziu a testa ao ver aquilo.Ele parecia estar com algo na cabeça. Leonardo colocou a xícara de café para baixo e disse: — Obrigado.Em seguida, pegou o casaco e se levantou.— Vamos tomar café da manhã juntos, que tal? — Leonardo convidou.— Já comi, estou esperando uma cliente. — Isabela respondeu.— Ok. — Leonardo deu de ombros.Ele colocou o casaco sobre o ombro e saiu, cambaleando um pouco.Isabela olhou para o relógio e disse:— Vou com você.Mal terminou de falar, a garota chegou. Isabela se desculpou:— Parece que não vai dar.Leonardo se virou e voltou.— Posso ir com você? — Perguntou ele.Isabela hesitou, mas ele completou:— Meu pai disse que, se eu não tiver sucesso, vai me mandar para o exterior. Eu não quero ir.Isabela sorriu para a garota e disse:— Vamos conversar na sala de reuniões.Ela então olhou para Leonardo.— Vá lá e traga dois cafés.Ao encontrar o olhar dela, Leonardo entendeu o que ela queria dizer. Embora estivess
O velho homem, após ouvir, perguntou apressado:— Há alguma chance de defesa?Isabela pensou um pouco e respondeu:— Sim, se tudo o que você disser for verdade...— Eu estou falando a verdade! — O velho homem se apressou em dizer.Isabela levantou o olhar, com uma expressão fria.— Deixe eu terminar de falar, tá?— Ah, sim, claro. — O velho homem ficou quieto e a ouviu.— Na primeira vez, ela era muito nova e não se lembra claramente. Se não houver provas diretas, vai ser difícil comprovar que você a estuprou. O que ela pode afirmar com certeza é aquele incidente no primeiro ano do ensino médio, mas naquela vez ela já não era tão nova, então não pode ser considerada uma criança. O principal é que, entre aquele caso e a tentativa de suicídio de agora, se passaram alguns anos. A polícia vai ter dificuldade de ligar o suicídio recente a um estupro cometido anos atrás. Mas se houver provas fortes, seu crime de estupro será confirmado.O velho homem ficou com o rosto sombrio.— Ah, entendi.
Leonardo ficou sem palavras por um momento.— Servir ao nosso país? — Ele se inclinou sobre a mesa com um sorriso de lado. — Você realmente ama o seu país, hein.— Você não ama? — Isabela perguntou de volta.— Claro que sim. — Leonardo respondeu.Isabela saiu da recepção e disse:— Espero que isso seja sincero.Leonardo a seguiu.— Não perco tempo com mentiras...Mal ele terminou a frase, seu estômago roncou alto.Ele tossiu constrangido.— Vamos, te convido para o café da manhã. — Isabela sorriu.Leonardo quase revirou os olhos.— Nossa! Dona Isabela, já são dez horas, você tem certeza que vamos comer café da manhã e não almoço?Isabela guardou suas coisas e disse:— Me chame de mana.Leonardo ficou olhando Isabela por alguns segundos, e de repente sorriu.— Ainda se importa com isso?— Claro, esse título de "Dona Isabela" significa que estou ficando velha, mas "mana" prova que ainda sou jovem. Ela não queria envelhecer.Leonardo de repente se aproximou, colocando a cabeça bem perto
Eles foram para a sala privativa.Os olhos de Clara estavam inchados e vermelhos. O rompimento do noivado com Sandro a afetou profundamente.Alícia, por outro lado, achou que estava tudo bem.— Hmph, não sei porque você tanto chora, que falta de vergonha.Clara ainda estava revoltada, mesmo naquela situação, ela continuava teimosa.— Mãe, você nunca amou, né?Alícia ficou em silêncio.— Que amor é esse? — Alícia respondeu com desdém.Talvez nunca tenha faltado amor em sua vida, por isso não entendia.Ela e o marido cresceram juntos, eram de famílias bem situadas, após o casamento, a relação era estável, tiveram um filho e uma filha. Embora eles não tivessem aquele tipo de amor ardente de novela, a relação deles era constante e tranquila.Com uma vida daquela forma, o marido nunca teve amantes, não traiu, não se envolveu em aventuras, sempre foi responsável pela casa, pelos filhos e cuidou muito bem dela.Como aquilo não seria uma relação admirável?Quantos amores intensos existiram nes
O garçom saiu da sala após servir os pratos.Isabela se afastou até a parede.A porta se fechou, isolando o som do interior.Ela ficou imóvel no lugar.Jorge e Clara eram irmãos.E o que Jorge disse sobre gostar dela, será que realmente era só porque ela se parecia com o primeiro amor dele?Hah!Isabela soltou uma risada repentina.Ela sabia, com as condições de Jorge, não havia razão alguma para ele se interessar por ela. Então era isso, né?Ainda bem. Isabela se sentiu aliviada por dentro.Ainda bem que ela não foi boba a ponto de achar que ele gostava dela por causa de algo que ela tinha de bom.Ainda bem que não se entregou demais ao sentimento.E ainda bem que percebeu tudo aquilo a tempo.Tudo ainda podia ser resolvido.Ela respirou fundo e começou a andar em direção a Leonardo.Leonardo ainda estava sentado na cadeira, visivelmente desconfortável. Ao ver Isabela, ele disse com um olhar triste:— Mana, estou com dor no estômago.Isabela suspirou e respondeu:— Vou te comprar um r
Leonardo estacionou o carro no estacionamento do hospital, e os dois saíram do carro.Ao entrarem no hospital, seguiram direto para o setor de internação, onde perguntaram na recepção qual era o número do quarto e logo foram em direção a ele.Leonardo, seguindo Isabela, resmungou:— Você é advogada, não detetive, por que está agindo como se estivesse investigando um caso?Isabela olhou para o número do quarto na porta e respondeu, sem desviar o olhar:— A narrativa dos envolvidos sempre tende a ser vantajosa para eles. Então, a gente precisa entender todos os detalhes para tomar a decisão certa.Leonardo a observou, achando que ela tinha razão.Isabela logo encontrou o quarto. Ela olhou pela janela de observação na porta e viu que havia alguém dentro.Levantou a mão e bateu na porta.A mulher que estava sentada ao lado da cama se levantou e foi até a porta. Ao ver Isabela, a olhou de cima a baixo e perguntou:— Quem é você?— Sou a advogada do Sr. Jacarias, vim conversar com a Srta. Ju
A garota continuou em silêncio.Com a expressão vazia, olhou para Isabela e curvou levemente os lábios num sorriso sarcástico.Era como se dissesse: "Você está aqui para defender aquele monstro, né?"Isabela entendia o que ela estava sentindo.Não se apressou e falou com uma calma gentil:— Se você conseguir apresentar provas da sua primeira acusação... Aquela que você mencionou na carta, dizendo que era muito pequena e não se lembrava direito, isso pode agravar o caso. Naquela época, você era só uma criança, e se houver provas válidas, a pena dele pode ser mais pesada.Mas a garota não reagiu. Continuava alheia a tudo.Isabela pensou que talvez ela só precisasse de silêncio. Se continuasse insistindo, provavelmente não conseguiria nada.Ela suspirou, meio sem saber o que fazer.Foi naquele momento que a porta do quarto se abriu de repente.A mãe da garota havia voltado.Ela tinha saído do hospital, mas, ao perceber que tinha esquecido a bolsa no quarto, voltou para buscar.Ao abrir a