O olhar de surpresa cruzou os rostos de Isabela e Jorge ao mesmo tempo. Como se obedecessem a um comando invisível, suas mãos se separaram num movimento desajeitado e repentino.
Isabela escondeu os dedos dentro das mangas do casaco, sentindo ainda o calor do toque dele pulsando em sua pele como uma lembrança teimosa.
Jorge, por sua vez, levou as mãos para trás do corpo, as entrelaçando levemente.
— Parece que a primavera já está batendo à porta. — Comentou ele, quebrando o silêncio.
Isabela desviou o olhar para o rio que corria tranquilo à distância.
— É verdade. Até o vento parece ter perdido um pouco da sua frieza. — Erguendo o rosto para o firmamento pontilhado de luz, deixou escapar um suspiro profundo antes de filosofar. — Passamos tanto tempo tentando sobreviver que esquecemos de simplesmente viver, não é mesmo?
Se virando para encará-lo com um brilho renovado nos olhos, exclamou:
— Olhe só, Dr. Jorge! Quantas estrelas!
Jorge elevou o olhar para o céu.
Aquela imensidão escura e