Claire
A noite havia sido longa. Depois de deixar o hospital com Gabriel, deitei-me no sofá da sala, abraçada ao vazio do silêncio. O relógio tiquetaqueava, uma lembrança implacável de que o tempo passava, mas para Lucas, ele parecia ter congelado.
Gabriel dormia tranquilamente no quarto ao lado. O pequeno ainda carregava uma esperança que eu temia perder. Toda vez que ele dizia "O papai vai lembrar", eu sentia meu coração se partir em dois — metade ansiava por isso com todas as forças, enquanto a outra temia que nunca acontecesse.
Eu precisava ser forte, por Gabriel, por Lucas. Mas às vezes a força parecia um fardo pesado demais.
Na manhã seguinte, enquanto o sol despontava no horizonte, tomei coragem para mais uma visita ao hospital. Gabriel estava animado como sempre, segurando sua mochila com alguns desenhos que havia feito para o pai.
— Mamãe, o papai vai adorar esses aqui! — disse ele, mostrando um desenho em que nós três estávamos juntos, sorrindo.
Sorri, apesar do nó na gargan