CLAIRE
As primeiras semanas após o acidente de Lucas foram um teste para minha resiliência, mas, naquele dia, senti que algo precisava mudar. Não bastava esperar que ele recuperasse suas memórias; era necessário criar um novo caminho para nós.
O sol da manhã iluminava suavemente o quarto quando acordei. Gabriel ainda dormia profundamente, enrolado nos cobertores como um pequeno casulo. Ele era uma criança forte, mas eu sabia que sentia a ausência emocional do pai, mesmo que não conseguisse expressar completamente em palavras.
Desci as escadas e encontrei Lucas na cozinha. Ele parecia alheio ao ambiente enquanto preparava uma xícara de café. Os gestos eram mecânicos, quase inseguros, como se não pertencesse àquele espaço. Era doloroso vê-lo assim, desconectado, mas também havia uma vulnerabilidade que me fazia querer protegê-lo.
— Bom dia — disse, tentando soar otimista.
Ele virou-se, os olhos castanhos analisando-me com cautela. — Bom dia. Dormiu bem?
— Sim. E você?
— Acho que sim. —