CLAIRE
Os dias desde o passeio ao parque foram mais leves, mas ainda cheios de incertezas. Lucas tentava criar uma rotina conosco, como se a normalidade pudesse costurar os buracos deixados por suas memórias ausentes. Às vezes, ele parecia o mesmo homem por quem me apaixonei; outras, era um estranho tentando se ajustar a uma vida que não reconhecia.
Acordei naquela manhã com um som abafado vindo da sala. Desci as escadas com cuidado e encontrei Lucas sentado no sofá, uma xícara de café na mão e o olhar perdido na janela. Ele fazia isso com frequência: mergulhava em pensamentos que nunca compartilhava.
— Você está bem? — perguntei, sentando-me ao seu lado.
Ele virou a cabeça, parecendo surpreso com minha presença. — Não consegui dormir.
— Alguma coisa específica?
Ele hesitou antes de responder, os dedos apertando a xícara. — É como se houvesse um vazio constante na minha mente. Tento me lembrar, Claire, mas... quanto mais eu forço, mais distante parece.
Senti meu coração apertar. Queri