CLAIRE
Depois da visita de Gabriel ao hospital, algo mudou. Não foi o suficiente para que Lucas recuperasse suas memórias, mas a conexão entre ele e nosso filho começou a crescer. Aos poucos, a desconfiança inicial deu lugar a momentos genuínos de interação. Gabriel, com sua energia inesgotável, não dava chance para a melancolia.
Naquela manhã, quando entramos no quarto de Lucas, ele já estava acordado, mexendo no bracelete que Gabriel lhe deu. O pequeno correu até a cama, trazendo um caderno de desenhos nas mãos.
— Papai, olha o que eu fiz! — disse Gabriel, subindo com facilidade e abrindo o caderno no colo de Lucas.
Os desenhos eram simples, com traços infantis, mas cada um contava uma história. Um mostrava os três juntos no parque, outro na praia, e um último com Lucas segurando Gabriel nos ombros.
Lucas analisava os desenhos com atenção, como se estivesse tentando extrair deles algo mais profundo.
— Você desenhou tudo isso? — perguntou ele, a voz carregada de curiosidade.
— Sim! E