Carrego cicatrizes que me ensinaram isso da forma mais dura.
— É só esse final de semana. Parece que a babá teve um problema — explico, enquanto tomo um gole do chá, sentindo o calor relaxar um pouco a tensão no meu corpo.
— Tudo bem. Ah, eu tenho uns amanteigados. Você quer? — Ivone diz, já levantando e indo em direção ao armário.
Um sorriso escapa antes mesmo de eu responder.
— Hum, com certeza! Vai cair muito bem com esse chá de hortelã.
Ela ri enquanto coloca a lata na mesa, abrindo-a com o cuidado de quem guarda um tesouro.
— Ainda bem que você é magrinha, hein?
Ergo uma sobrancelha, fingindo indignação.
— Está dizendo que eu como muito, é?
— Ué, você mesma me disse outro dia que tem o metabolismo acelerado e que está sempre com fome.
— Sim, é verdade. — Dou uma risadinha enquanto pego um amanteigado. — Mas não encho meu prato como você pensa. Só como umas besteiras fora de hora. Isso é fruto da minha criação. As babás eram loucas para me dar algo para comer quando eu chorava.
Ivone arregala os olhos, quase incrédula.
— Deus do céu! Verdad