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capítulo 1.3 Damian Stark

- Está dizendo que foi uma coincidência?

- Estou dizendo que o senhor está me julgando sem saber de nada!- O silêncio que se segue é denso. O tipo de silêncio que queima por dentro.

Ela respira com dificuldade, o peito subindo e descendo. Está nervosa, mas se recusa a abaixar a cabeça. E eu...

Eu estou mais irritado com isso do que com o fato de ela estar aqui.

Ela não tem medo de mim como os outros. Ou talvez tenha, mas luta contra isso.

E, pela primeira vez, me sinto um idiota completo.

- Por que está tão incomodado com a minha presença aqui? - ela pergunta, com uma coragem que não esperava. - É porque sou sua funcionária? Porque sou desajeitada demais pra estar num lugar como esse? Ou porque te incomoda o fato de eu não fazer parte do seu mundo perfeito?

Eu me aproximo de novo, e ela não recua dessa vez.

- Você não faz parte do meu mundo - respondo com frieza, encarando-a nos olhos. - Mas, de alguma forma... ele tem girado em torno de você nos últimos dias. E isso é um problema.

Ela engole em seco.

- Então me demita.

O silêncio corta o ar. Meu maxilar trava. Meus punhos se fecham.

Mas eu não consigo dizer as palavras. Porque a ideia de demiti-la... me corrói.

- Não posso. - minha voz sai baixa, quase amarga. - E isso me irrita mais do que você imagina.

- Então o problema não sou eu. O problema é senhor, senhor Damian. Que não sabe o que sente, nem o que fazer com isso.

Essa foi a gota.

Avanço mais um passo, colando nossos corpos sem tocá-la. Ela prende a respiração, mas não se move.

- Eu sou o homem que manda nesse império - murmuro, encarando seus lábios e depois seus olhos. - O que dita regras, muda rotas e faz impérios se curvarem. Mas com você... nada faz sentido. E se isso for um jogo, Diana, você está brincando com fogo.

- Não é um jogo - ela sussurra. - Mas se fosse... talvez eu já estivesse queimando.

Por um segundo, a tensão quase se rompe em algo mais.

Mas eu me afasto. Um passo. Dois.

Preciso de ar. De distância. E voltar a calma.

- Vá para casa. Agora. E amanhã... não chegue atrasada.

Ela parece hesitar, como se esperasse algo mais. Mas apenas acena, em silêncio, e se retira com a mesma dignidade que trouxe com ela.

E quando a porta se fecha atrás dela, eu sei:

Essa garota não é só um contratempo.

É o início de um caos que carrega o meu nome.

Após mandar Diana embora, encerrei minha noite de maneira abrupta. De longe, observei enquanto ela deixava o prédio sozinha. Apenas esperei que entrasse em um táxi e sumisse na escuridão da rua. Depois disso, caminhei até o meu carro e fui para casa.

Nada ali fazia mais sentido. Mesmo incomodado com tudo o que havia acontecido, tentei me convencer de que o melhor era esquecer.

Chegando em casa, tomei um banho rápido e me joguei na cama, tentando afogar os pensamentos no travesseiro. Mas não adiantou.

Acordei mais cedo que o habitual. Tive uma noite inquieta, mal dormida. Diana rondava meus pensamentos como uma sombra persistente, e por mais que eu tentasse expulsá-la da mente, ela continuava ali. Nos meus olhos. Na minha pele. No que restava da minha paz. Um péssimo sinal.

Tomei meu café sem açúcar, amargo como a sensação que me consumia, e encarei o horizonte de Yarolensk da varanda da cobertura. Por impulso, desci até o subsolo da residência, um lugar onde guardo tudo que realmente importa. Segredos. Legados. A história da minha linhagem.

E a promessa que fiz ao meu pai.

O cofre se abriu com o reconhecimento biométrico. As luzes internas se acenderam suavemente, revelando pastas seladas, contratos antigos... e uma caixa de madeira escura, onde repousava a relíquia deixada por Barac: uma fotografia amarelada, guardada como se fosse um artefato sagrado.

Sentei-me, respirei fundo antes de tocá-la.

A imagem mostrava um bebê enrolado em panos brancos. O olhar era intenso, mesmo na inocência de poucos meses de vida. Mas o que mais chamava atenção estava ali, na lateral da clavícula esquerda: uma marca escura, de contorno irregular, como uma estrela incompleta.

A marca.

A mesma que meu pai descreveu antes de morrer.

Você vai reconhecê-la... pela marca.

Fechei os olhos, tentando afastar a ideia absurda que começava a tomar forma. Mas era inevitável. Uma tempestade à espreita.

Não pode ser.

Levantei-me, inquieto. Guardei a foto e os documentos, fechei o cofre e saí de casa como se o destino tivesse acabado de me empurrar para uma estrada sem volta.

Cheguei à empresa com passos duros e rápidos. Falei pouco. Não olhei ninguém nos olhos. Subi direto para o meu andar. Mas ao entrar no corredor que levava à minha sala, parei.

Ela estava ali. Diana. De costas, mexendo nos arquivos com a costumeira hesitação. A blusa caía sutilmente sobre o ombro esquerdo.

E então eu vi.

A marca.

Exatamente onde estava na fotografia.

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