A minha entrada é liberada e sou acompanhado até a área que foi reservada para mim, e Viktor não exagerou em dizer que ele superou dessa vez,ele me ver e vem cumprimetar.
- Que bom que veio meu amigo! Você não vai se decepcionar! -Ele diz direcionar o olhar para um canto onde tem algumas garotas dançando em cima do palco. E isso me agrada. Vou ao encontro do Viktor que já está com um copo na mão, e me estende. - Aproveite irmão o paraíso._ ele diz enquanto eu beberico meu copo olhando para as garotas dançando, mais de onde eu estou, consigo ter uma visão da casa, onde algo chama a minha atenção. Não pode ser ela? Meus olhos se estreitam automaticamente. O copo que estava prestes a tocar os meus lábios para no ar, esquecido. Entre as luzes pulsantes e os corpos dançantes, no meio daquele espetáculo que mais parece uma vitrine luxuosa de desejos, há algo... ou melhor, alguém... que destoa. Ela. Diana. A luz vermelha percorre seu rosto oscilante, e por um segundo duvido da minha própria sanidade. Talvez seja uma alucinação. Talvez seja culpa do café que não tomei direito hoje. Mas quando ela vira de lado, com aquele jeito desajeitado de quem não está acostumada a ser olhada, eu tenho certeza. É ela. Sem maquiagem pesada. Sem roupas provocantes como as outras. Como se tivesse sido colocada ali por engano. Como se não soubesse onde está, estar se sentindo uma peixe fora d'água. - Quem é aquela? - pergunto a Viktor, sem tirar os olhos dela, só para ter a certeza de que eu não estou vendo coisas. - Qual delas? - ele ri, achando que estou apenas brincando. - Aqui só tem obra-prima, meu irmão. - Aquela - aponto com o queixo - perto da escada lateral. A que parece mais perdida do que qualquer outra coisa nesse lugar. Viktor ergue uma sobrancelha, curioso. Olha na direção que indiquei, mas parece não dar muita importância. - Ah... Ela? Nova aqui. Acho que veio com uma das meninas fixas da casa. Quase não quis entrar, o segurança teve que insistir. - Ele ri. - Acha que ela combina com esse lugar? Não. Definitivamente, não combina. - Preciso ir. - minha voz sai baixa, tensa. - O quê? Você chegou agora!-ele vida de irritação, mas eu não respondo. Já estou andando. Minhas pernas se movem antes da minha consciência acompanhar. O som da música, as luzes, o cheiro do álcool, tudo some enquanto atravesso o salão com os olhos fixos nela. Há algo errado. Algo que não b**e. O que Diana, a secretária trêmula, a garota que mal consegue me olhar nos olhos, está fazendo aqui? Sozinha. Fora do expediente. Em um lugar como este? E por que... por que eu me importo tanto? Quando estou a poucos passos dela, ela me vê. Seus olhos se arregalam. O corpo se enrijece. Ela tenta se virar. Fugir. Mas eu seguro seu braço antes disso. - Diana? Ela empalidece. Está com medo. Mas não é só isso. É como se... estivesse envergonhada. Humilhada. - O que está fazendo aqui? - pergunto em voz baixa, mas firme, sem disfarçar a intensidade com que a encaro. - Eu... eu não sabia que o senhor vinha... eu só vim acompanhar uma amiga... não é o que parece...- E lá estava ela outra vez, sem conseguir me encarando ou apenas dar uma resposta direta, O que ela não entende é que tanto faz o motivo. Ela não devia estar aqui. Não neste lugar. Não com aquele olhar. Não provocando em mim essa confusão maldita entre raiva, proteção e... desejo. - Venha comigo - ordeno, sem deixar espaço para discussão. Ela hesita. - Eu... não posso... minha amiga... - Agora, Diana. - minha voz sai como um comando. Ela cede. Me acompanha em silêncio, desviando os olhos de tudo e todos, como se quisesse desaparecer. Eu a conduzo até o andar superior, para um dos camarotes mais reservados. Fecho a porta atrás de nós e me viro para encará-la. - Você tem ideia do que está fazendo? - pergunto, mais calmo, mas ainda tenso. Ela me encara, agora com uma mistura de medo e orgulho. Há algo naquela menina que me desconcerta. Ela não é como as outras. Não se encaixa. Mas também não se dobra. - Eu não vim aqui para isso... e nem sabia que o senhor estaria... eu juro. Não estou mentindo. E, de repente, como se fosse puxado por algo invisível, dou um passo em direção a ela. Ela recua. Dou outro passo. Ela encosta na parede. E mesmo assim não desvia o olhar. E eu penso: Por que ela? Por que ela me tira do controle? E mais ainda: Por que diabos eu não consigo deixá-la ir? - Fale a verdade - exijo, cruzando os braços, bloqueando qualquer saída. - Você veio aqui por quê? Está envolvida com alguém? Está me espionando? Tentando... subir na empresa?- Ela pisca, confusa. - O quê? O senhor acha que eu...? - Eu não sei o que pensar, Diana! - rebato, a voz mais alta do que gostaria. - Você aparece na minha vida feito um erro de sistema, tropeça, derruba café, me tira do eixo... e agora aparece aqui, nesse lugar, como se nada demais estivesse acontecendo! - Eu só vim acompanhar uma amiga! - ela finalmente grita de volta, os olhos faiscando de indignação. - Eu nem queria vir, mas ela insistiu, disse que seria rápido! Eu nem sabia que esse lugar era assim, e muito menos que o senhor viria aqui!