Só não esperava ver ele aqui.
Sala de Operações - 03:12 da manhãO silêncio daquela sala esquecida no subsolo era quase reconfortante. Quase. Ali, entre cabos expostos, ferrugem e um espelho sujo que já viu mais confissões do que a justiça, o ar pesava nos pulmões.Não era só a ausência de som. Era a presença densa de tudo que não foi dito.E de tudo que ainda seria feito.Suzana respirava com dificuldade na sala ao lado. Sedada. Intacta. Mas não por compaixão. Ela ainda era útil. Por enquanto.A porta se abriu.Eu sabia que era ele.Héctor.A presença dele sempre antecede o som. Veio como sempre: furioso por dentro, travado por fora. Uma bomba de retardo disfarçada de autoridade.Ele me viu.Sentada. Imóvel. Como se aquele ambiente sombrio fosse parte de mim. E talvez fosse.- Quer me explicar desde quando você sequestra suspeitos sem passar por mim? - a voz dele cortou o ar como lâmina. Baixa. Letal.Não desviei o olhar.Não me le