E eu tinha uma escolha a fazer: seguir as regras... ou queimar o tabuleiro.

Do outro lado do vidro espelhado, Elena congelou.

A mão que segurava o braço da cadeira tremia levemente. Só por um segundo. Mas foi o bastante para que eu percebesse. Saí da sala de interrogatório, sem dizer uma palavra a Victor. A porta se fechou atrás de mim como o bater de um caixão.

Ela estava de pé antes mesmo que eu falasse.

- Você conhecia Montani. - Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, carregada de frustração e desconfiança. Soou quase como uma acusação.

Elena não respondeu de imediato. Os olhos fixos num ponto invisível à frente. A respiração rasa. Como se estivesse se afogando por dentro.

- Não... - murmurou, por fim. - Eu não o conhecia.

A pausa foi um abismo.

E então ela corrigiu, a voz tremendo apenas na borda:

- Eu sobrevivi a ele.

O silêncio que se seguiu fez a sala de observação parecer ainda menor. As paredes pareciam apertar ao nosso redor.