Capítulo 5

Michael

Faz alguns meses que vi aquela linda mulher — a irmã do meu amigo Rodrigo — e, desde então, não consigo tirar a tristeza dos olhos cor de mel dela da minha mente. Mesmo sem ela sequer ter me notado, fiquei impactado.

Pobrezinha…

Perder o marido e o filho deve ser uma dor inimaginável. Uma mulher jovem, linda, com o rosto ainda suave de juventude, marcada por um luto pesado demais para alguém da sua idade.

Enquanto estou metendo com gosto numa morena de parar o trânsito, é nela que penso. Só que diferente das outras, com ela, não penso em sexo. Penso na dor que ela carrega, no vazio que vi em seu olhar. Não sei o nome dela, não sei quase nada, só que algo me marcou profundamente.

— Você está muito longe… — a morena fala, interrompendo meu devaneio — Não vai transar comigo ou quer só olhar?

— Desculpe, princesa… Onde estávamos mesmo?

Volto minha atenção para o corpo quente à minha frente. Beijo sua boca, deslizo pelos seios, pela barriga até chegar ao centro do seu prazer. Ela geme alto quando minha língua encontra seu ponto sensível. Chupo com vontade até ela estremecer e gozar nos meus lábios.

Subo com meu pau já rígido como pedra.

— Agora me chupe, gostosa — exijo.

Ela obedece sem hesitar, como se meu pau fosse a sobremesa mais deliciosa do mundo. Seguro sua cabeça e começo a foder sua boca com força, sem piedade. Gozo fundo, enchendo sua garganta.

Ainda ofegante, viro ela de costas e penetro com força. Gosto de sexo intenso. E hoje, eu precisava extravasar.

Mais tarde, encaixo no seu outro buraco. Gemo alto. Gozo novamente e desabo na cama, exausto.

Essa semana foi insana. Fui ameaçado por bandidos, defendi um caso horrível de estupro infantil… e ainda tive que sorrir para juízes corruptos. Meu trabalho me consome, mas sou o melhor no que faço. Eu coloco esses criminosos atrás das grades — e quero mais é que apodreçam lá.

Eu precisava relaxar. Por isso, liguei para uma das meninas da minha lista. Mas agora, estou pensando em chamar as gêmeas. Elas me deixam fora de controle. Duas bocas chupando meu pau ao mesmo tempo? Paraíso.

Depois da foda, voltei pra casa. Tomei um bom banho pra tirar o cheiro de sexo. Minha secretária ainda estava acordada.

— Adele? O que está fazendo acordada a essa hora?

— Patrão… sua irmã. Ela saiu cedo e ainda não voltou.

Meu sangue gelou.

— Como assim não voltou? Com quem ela saiu?

— Ela não disse nada… só pegou a bolsa e saiu.

Revirei os olhos.

Por que deixei aquela menina vir morar comigo? Ela fez dezoito anos, queria independência… meus pais quase surtaram. Então sugeri que ela viesse ficar um tempo comigo. Arrependimento define.

Olhei o relógio. Já era madrugada. E Kassandra… sumida.

— Merda — murmurei.

Antes que eu saísse batendo em porta de motel atrás dela, meu celular tocou. Era Nathan, meu amigo.

— Adivinha quem está aqui? Sua irmã. Vai dormir por aqui hoje.

— Porra, Nathan! O que ela tá fazendo aí a essa hora? Eu deixei regras claras! Vai me dizer que ela está dormindo na sua cama agora?

Ele deu uma risada.

— Relaxa, cara. Ela só queria ver a Helena. Você sabe que sua irmã se apegou à minha filha. Elas estavam assistindo filme, brincando de pintar o cabelo da boneca… coisa de menina.

Fechei os olhos e respirei fundo.

Claro que era isso. Kassandra sempre teve um jeito carinhoso com crianças. Ela perdeu um filho, talvez veja em Helena um consolo, uma válvula de escape.

Mas ainda assim… sair sem avisar?

— Da próxima vez, ela me avisa, entendeu? — falei ríspido.

— Entendido, senhor rabugento. Agora vai dormir. E vê se pega leve com ela. A menina tá tentando viver, ok?

Desliguei sem responder.

Caminhei até a janela e fiquei olhando a rua escura lá fora. O rosto da mulher dos olhos cor de mel voltou à minha mente. Era como se ela estivesse conectada a algo em mim que eu ainda não entendia.

Talvez a dor dela conversasse com a minha.

Talvez, no fundo, eu não estivesse tão inteiro quanto aparentava.

Mas uma coisa era certa: aquele olhar não ia sair de mim tão cedo.

E de algum jeito, eu sabia que o destino ainda ia nos juntar.

O idiota do Nathan acha que eu sou algum retardado. Mas eu sei muito bem o que está acontecendo. Kassandra está lá por causa do William, aquele maldito galanteador de meia tigela.

Mas ela que me aguarde. Vai ficar uma semana sem pisar fora de casa! E nem me venha com chororô. A faculdade ainda não começou, o que é perfeito: ela vai ficar reclusa, sob vigilância, aprendendo o valor da obediência.

Eu sei que estou sendo dramático. Mas ela é minha irmãzinha. Meu bebê! Eu praticamente ajudei a criá-la depois que nossos pais começaram a envelhecer. Não posso simplesmente deixá-la à mercê de qualquer moleque com um sorriso bonito.

Peguei o telefone de novo.

— Escuta aqui, seu puto, para de mentir! Eu sei que ela tá aí por causa do William! Ele está aí também, não tá?

— Tá, e qual o problema disso, Michael? — Nathan respondeu, impaciente. — Eles são jovens. Estão se conhecendo, só isso. Você quer trancar sua irmã num cofre?

— Exatamente! Ela ainda é uma criança pra mim. E você sabe que aquele seu cunhado é um safado aproveitador de garotas indefesas!

— Cara, sinceramente… cresce. Tu tá surtando por causa de uma paquera adolescente. Deixa ela viver, pô!

— Tô indo aí agora. Fala pra ela se aprontar! — rosnei, bufando.

Minha irmã precisa focar na faculdade, nos estudos. É só isso que quero pra ela. Um futuro brilhante. Não quero vê-la presa numa ilusão com algum idiota que vai partir seu coração.

E o William… Ah, aquele sujeito é igual à irmã dele. Conquistadora. A mulher dele conseguiu amarrar o Nathan, o maior pegador que conheci. Agora, minha irmã caiu nos encantos do irmão dessa mesma mulher? Isso é genética maldita, só pode.

Vou ter uma conversa com aquele conquistador de quinta. Preciso entender que tipo de homem acha normal ficar atrás de uma menina tão jovem. Ele vai me ouvir!

Sim, estou sendo chato. Mas e daí? Sou irmão dela. É meu papel protegê-la, mesmo que ela me odeie depois.

Nathan se apaixonou por Helena quando ela tinha dezoito anos. Mas ele achava que ela tinha vinte e cinco! Viu a diferença? Foi engano. Agora o William sabe muito bem a idade da Kassandra. E mesmo assim…

Tá, talvez eu esteja exagerando um pouco. Tenho ciúmes, confesso. Mas é só um pouquinho. Coisa de irmão.

Aquela mentirosa da minha irmã vai ver só.

E tem a Helena… Essa mulher é brava, viu? Depois que virou mãe, ficou pior. Capaz até de me dar um tapa na cara se eu fizer escândalo.

Me lembro de uma vez que ela jogou um controle remoto no Nathan. E ele apareceu no escritório com o olho roxo! Eu e Victor rimos por dias. Um cara do tamanho do Nathan, apanhando da mulher… Mas no fim das contas, o amor deles é bonito. Disso eu não posso negar.

Victor também está babando com o filho. Esses meus amigos se perderam nas armadilhas do amor.

Eu? Tô fora.

Já fui apaixonado, sim. Uma vez só. Fui trocado por outra pessoa e mergulhei na putaria sem culpa.

E quer saber? Que delícia!

Amy foi meu primeiro amor. A mulher tinha um fogo que queimava até minha alma. Mas um dia ela apareceu com uma garota e disse que era com ela que queria ficar. Hoje estão casadas, felizes, e eu segui minha vida. Demorei, mas me conformei.

Não vou mentir: o sexo com ela era de outro mundo. Meu corpo ainda se lembra do calor do seu toque, do jeito como ela rebolava em cima de mim… Mas chega. Ficar preso ao passado não resolve nada.

Levantei da cama, pronto pra ir buscar a Kassandra, mas o cansaço falou mais alto. Essa semana foi puxada. Estou esgotado.

Quer saber? Deixa a mentirosa dormir lá essa noite. Amanhã eu resolvo.

Subi pro quarto e me joguei na cama. Adele tinha deixado o jantar pronto, com aquele tempero que só ela sabe fazer. Comi bem, tomei meu banho… agora só queria esquecer o mundo por algumas horas.

Mas nem isso é possível.

Minha secretária jurídica está prestes a sair de licença maternidade, e eu estou sem substituta. O escritório está um caos. Documentos atrasados, audiências se acumulando… Estou indo sozinho pro tribunal e tentando dar conta de tudo. Mas não está fácil.

Preciso urgente de alguém confiável, profissional, ágil. E bonita também, por que não? Não me envolvo com funcionárias, mas olhar coisa bonita não faz mal pra ninguém.

Eu realmente não sei como a Joyce dá conta de tudo aquilo.

É sério… são tantos documentos, audiências, processos, relatórios... Meu Deus!

Ela é uma máquina. Competente, rápida, organizada. Tão indispensável que estou com medo de não encontrar ninguém à altura.

Por que ela teve que se casar logo agora? E pior: estar grávida, prestes a sair de licença? Droga.

Foram anos ao meu lado, e ela nunca me decepcionou. No início, antes de qualquer compromisso sério da parte dela, rolou, sim, algumas transas entre nós. E foram boas. Muito boas, na verdade.

Ela sempre foi uma loira gostosa pra caramba. Inteligente e eficiente na mesa… e no escritório também. Mas nunca misturei sentimentos. Ela entendeu o recado quando começou a namorar. As farras acabaram, e a relação se manteve profissional. Só isso.

Ela até achou que eu fosse demiti-la, como se eu fosse algum babaca que não sabe separar as coisas. Nunca faria isso. Joyce é excelente. Mas agora… estou sozinho. E preciso de alguém que assuma seu posto com a mesma garra.

Estava deitado de cueca boxer, largado no sofá, assistindo a um filme qualquer. Um daqueles que você nem sabe por que começou a ver. O cansaço era enorme, mas o sono… simplesmente não vinha.

A mente começou a vagar.

E lá estava ela de novo.

A mulher dos olhos tristes.

Brianna.

Por que, diabos, ela ficava voltando na minha cabeça? Eu mal falei com ela. Ela sequer me olhou direito aquele dia. Mas o olhar... Ah, aquele olhar me prendeu. Tinha dor, perda… e força. Era impossível esquecer.

Talvez eu esteja ficando maluco. Pensando em uma mulher que nem sei se me notou. Mas algo nela me atrai de uma forma estranha, diferente.

Rodrigo, meu amigo — e irmão dela — comentou que, depois de três anos de sofrimento pela tragédia que viveu, Brianna estava melhor. Disse até que ela andava falando em voltar ao mercado de trabalho.

Isso me deu uma ideia.

Se ela quer trabalhar… talvez eu tenha uma vaga perfeita para ela.

Preciso de alguém de confiança, alguém que eu possa moldar conforme o estilo do meu escritório. E ela, mesmo sem experiência, tem algo que me instiga. Não sei se é a dor nos olhos, a serenidade do rosto ou simplesmente um impulso irracional. Mas quero vê-la de novo.

Na verdade… preciso.

Revirei no sofá, suspirando fundo.

A vida anda corrida demais. Com Nathan quase morto naquela confusão com a Valentina e a maldita da Marcela... eu nem tive tempo de respirar, quanto mais pensar em uma nova contratação.

Aquilo foi um pesadelo. Meu amigo à beira da morte, por causa de uma mulher dissimulada e cruel. E pensar que ele confiava nela.

Soube por Rodrigo que as presas fizeram horrores com a Marcela dentro do presídio. Meteram objetos nela, humilharam, a fizeram pagar por tudo o que fez com as outras. E, honestamente? Ainda acho pouco.

Ela brincou com a vida de muita gente. Que sofra cada segundo lá dentro.

Lembrei também do caso do vereador. Um desgraçado nojento que abusou da própria secretária. Tenho provas, testemunhas… e uma raiva que me queima por dentro. Vou colocar aquele filho da puta atrás das grades. Vai pagar por cada abuso, cada lágrima que provocou.

Estuprador maldito.

É nessas horas que tenho vontade de largar as leis e fazer justiça com as próprias mãos. Mas não posso. O sistema precisa funcionar. E eu vou fazê-lo funcionar.

Suspirei.

A mente voltou para Brianna.

Peguei o celular e, sem pensar muito, disquei o número do Rodrigo. Ele atendeu no segundo toque, meio rouco, provavelmente já dormindo.

— Fala, irmão… tudo certo?

— E aí, Rodrigo. Desculpa ligar essa hora, mas preciso saber de uma coisa: a Brianna já está trabalhando?

Houve um silêncio do outro lado.

— Não… ainda não. Mas ela está procurando. Quer voltar à vida normal, sabe? Sair da bolha.

— Ótimo. Quero falar com ela. Tenho uma proposta de trabalho. Preciso de uma assistente jurídica. E acho que ela pode ser a pessoa certa.

— Uau… sério? Cara, isso seria incrível pra ela. Ela tá tentando, mas ainda tá insegura… acho que essa chance pode ser o empurrão que faltava.

Sorri.

— Passa meu número pra ela. Ou, melhor ainda, pede pra ela vir ao escritório amanhã. Nove da manhã. E diz que é uma oportunidade séria. Nada de caridade, beleza?

— Pode deixar. Vou falar com ela. Valeu, irmão!

Desliguei e fiquei olhando para o teto, com um sorriso enviesado nos lábios.

Não sei se foi instinto, impulso ou estratégia.

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