POV CAROLINE
O carro seguia pela estrada como se o mundo inteiro tivesse se estreitado àquele asfalto.
Caroline observava as luzes passando rápido demais, os postes se repetindo como marcas de um tempo que ela não podia perder. Samuel dirigia em silêncio, concentrado. Não havia mais Chicago atrás deles. Também não havia Vale da Lua à frente, não ainda.
Ela não podia simplesmente voltar.
Não daquele jeito.
A mão de Caroline escorregou para dentro da bolsa quase sem que ela percebesse. Os dedos encontraram o frasco pequeno, frio, familiar. Vidro. Discreto. Perigoso apenas para quem não sabia calcular.
Wosbarne.
Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo.
Rafael não viria até ela se ela apenas ligasse.
Ele não apareceria por culpa, nem por saudade.
Mas apareceria por responsabilidade.
A lógica era simples. Sempre fora.
Ela era médica. Sabia exatamente o que estava fazendo.
Uma dose pequena não mataria ninguém. Não causaria dano irreversível. Provocaria tontura, fraqueza, queda