Lotte me deixou na porta da empresa dos Spelling, e eu segui direto para o elevador sem passar pela recepção. O prédio tinha um ar muito diferente do escritório dos Patinks, que ficava logo em frente. Enquanto o escritório da família do Misa exalava frieza e formalidade, aquele parecia mais acolhedor, vivo, com toques sutis de cor na decoração — não exagerados, mas suficientes para quebrar a rigidez corporativa.
No último andar, fui recebida pelo olhar desconfiado de uma secretária. Cabelos escuros perfeitamente escovados, batom rosado, unhas pintadas de vermelho sangue. De onde eu estava, dava para sentir até o cheiro fresco do esmalte. Ela digitava devagar, com ar entediado, e a mesa pequena à sua frente estava coberta de papéis que ela claramente não pretendia organizar tão cedo.
— Bom dia. Você pode me informar em qual sala o Matt trabalha? — perguntei, tentando manter a polidez.
Ela levantou os olhos, preguiçosamente. — Você tem hora marcada?
Revirei internamente. — Acho que não