Enquanto isso, no escritório de Fabio, seu filho destruía tudo à sua volta.
— AAAAHHH!!! Como é possível que aquele imbecil soubesse? Como ele a sequestrou e tirou sua virgindade? ELA ERA MINHA! Eu deveria ter sido o primeiro!
— Vamos, filho, é só uma mulher. Não vale a pena provocar Bastien, ele é poderoso e cruel.
— Não mais do que eu.
— Ele nos pagou 15 milhões para deixarmos a moça em paz. Mais do dobro do que você pagou à mãe dela. E seu plano era mostrar como nossos cães treinados a estupravam. Eu sei que isso te daria muito dinheiro… ver cães estuprando uma mulher virgem dá bons lucros.
— ELA ERA MINHA! Como aquele desgraçado ousou tirá-la de mim? Eu a tinha pronta! Neste sábado, eu tiraria sua virgindade! Sabe como foi difícil encontrar uma mulher de 22 anos ainda virgem? AAAHH!
Ele atirou a cadeira contra a porta, completamente furioso.
— Tem certeza de que ela já não é mais virgem?
— Sim, ele me mostrou as fotos. Transando com ela… e o sangue que saiu depois.
— Maldito! Como ele sempre está um passo à frente de mim? Isso não vai ficar assim. Aquela mulher será minha. Farei dela minha escrava.
— Por favor, filho, pense bem. Podemos perder tudo o que temos por causa dessa cadela. Tem certeza de que quer arriscar tudo?
— Bastien não vai me vencer, pai. Ele não vai. Eu tenho uma vantagem… sou um doce encantador.
Um sorriso macabro se desenhou naquele rosto lindo, que só mostrava a maldade pura.
—
Na mansão, Kate acordava de mais um sonho. Era sempre o mesmo: aquele homem a beijava e sussurrava palavras de amor. Pôs o pé ferido no chão... e não doía mais. Olhou pela janela e viu Bastien nadando na piscina. Seu corpo era atlético e musculoso. Tinha uma tatuagem que cobria as costas — parecia um anjo. Era incrivelmente atraente e másculo. Kate se pegou mordendo o lábio enquanto o observava de sunga. Bastien saiu da piscina e se sentou à beira, passando o dedo por um anel em seu dedo enquanto o encarava com tristeza.
— O que você esconde, Bastien?
Kate se vestiu com um vestido e sandálias e desceu as escadas com calma por causa do pé. A mesa estava posta: leite, cereal, frutas. Bastien saiu da cozinha com uma frigideira de ovos. Seu cabelo estava molhado, usava uma camisa branca arregaçada e calça social. Levantou os olhos e encontrou os dela.
— Você desceu… — sussurrou —. Sente-se, está tudo pronto.
Kate avançou devagar e se sentou. Bastien voltou com um kit de primeiros socorros, se ajoelhou e pegou seu pé.
— Não precisa. Me solta.
— Preciso ver o ferimento.
— Eu disse que não!
— E eu disse que sim! Obedeça! — Bastien segurou firme seu pé, tirou a sandália, removeu o curativo e aplicou álcool.
— AAAI!
— Ainda dói?
— Não, é que eu gosto de gritar pra aliviar o estresse!
Ele sorriu diante do comentário sarcástico, aplicou mais álcool e soprou.
— Aaaai… — Kate se queixou baixinho.
— Precisa manter limpo pra não infeccionar. Tomou os antibióticos?
— Sim.
— Perfeito. Agora precisa comer ou vai te fazer mal no estômago.
— Foi você quem cozinhou?
— Sim. — Bastien colocou um novo curativo —. Normalmente cozinho só pra mim, mas hoje fiz pra nós dois.
— Por quê?
— Neste mundo, nunca confie em ninguém. Principalmente quando se trata de comida. Podem te drogar ou envenenar.
— Mas você tem homens o bastante te protegendo.
— Eu sei. Mas o dinheiro pode fazer até seu cachorro te trair.
— Senhor Bastien… — Lucca chegou com alguns documentos.
— Não tá vendo que tô ocupado?
— Senhor, é importante…
Os olhos cor de mel se cravaram no pobre homem, que olhou assustado. Depois, encarou Kate, pedindo ajuda.
— Já está pronto. Atenda o senhor Lucca. — Bastien olhou para Kate e seu olhar suavizou. Levantou-se e sentou na cabeceira. Lucca agradeceu em silêncio e entregou a pasta.
— Quando foi isso?
— Hoje de manhã, senhor.
— O que fizeram?
— O de sempre.
— Ok. Limpe tudo e envie uma mensagem.
— Sim, senhor. Com licença. Senhorita, bom dia. — Lucca se despediu e saiu.
— É a segunda vez que ouço você dizer "limpe tudo". O que significa?
— É algo que você não pode saber. Coma.
— Aish… — Kate pegou um pouco de fruta, leite e uma torrada com ovo —. Você é um déspota.
— Isso me mantém vivo, Kate. Se eu fosse gentil, já estaria morto há muito tempo e não teria o que tenho hoje.
O celular de Bastien tocou.
— Alô? Sim. Dois carregamentos, totalmente saudáveis e compatíveis. Se eu não vir os zeros na minha conta, eu dou pros cães. Não gosto de esperar. E não sou uma boa pessoa que faz favores. Tchau.
Desligou e, logo depois, recebeu uma notificação do banco. Ligou de novo.
— Alô, Lucca. Entregue o pedido. Já foi pago. — Desligou e continuou comendo.
— Por que você não pode dizer "por favor" e "obrigado"?
— Porque eu pago pra que façam um trabalho. Eles não estão me fazendo favor algum.
— Por que é tão amargo? Você é jovem, deveria ser mais feliz.
Bastien a olhou com seus penetrantes olhos cor de mel. Um arrepio percorreu a espinha dela.
— Um dia eu fui feliz… e me tiraram tudo. Naquele tempo, eu não tinha poder pra lutar nem me defender. Naquele dia, prometi que nunca mais deixaria tirarem nada de mim. Nem ninguém.
— Então… houve uma mulher?
— A única que foi gentil comigo… e me obrigaram a deixá-la.
— Por que não a procura?
— Porque ela me odeia…
Ele abaixou o olhar pro prato e continuou comendo.
— Chega de perguntas. Coma.
— Você é insuportável.
Kate encerrou a conversa e comeu em silêncio. Bastien a observava, e seus olhos se suavizavam. Uma mecha caiu sobre o rosto dela e ele a afastou. Kate se afastou.
— Não me toque.
A mão de Bastien ficou suspensa no ar. Ele voltou a comer.
— Quando terminar, quero que me acompanhe.
— Pra onde?
— Vai ver quando chegar lá.
Ao terminar o café da manhã, Kate se levantou e disse:
— Obrigada.
Bastien fez o mesmo.