Capítulo 2

A Capital de Arezzo brilhava sob o sol da tarde, mas para Luana, o ar cheirava a acerto de contas.

 Ao seu lado, três pequenos vultos se agitavam.

- Mamãe, acorde! Chegamos em casa!

 - A vozinha doce a despertou.

Luana abriu os olhos e encarou a selva de pedra pela janela do carro. 

Arezzo , eu voltei. Mas desta vez, ela não estava sozinha.

Ela segurou as mãos gordinhas de seus filhos e seguiu para o shopping mais luxuoso da cidade.

 Amanhã seria o grande banquete de posse de seu irmão como CEO, e ela queria que ele estivesse impecável.

Enquanto os bebês iam ao banheiro sob a supervisão discreta de um segurança, Luana entrou em uma boutique de grife. 

Seus olhos pousaram em um casaco de corte impecável.

 Mas, antes que pudesse tocá-lo, uma voz estridente rasgou o silêncio da loja.

- Não acredito! 

Luana?

 Pensei que você estivesse apodrecendo em algum buraco após fugir daqui há seis anos!

Luana congelou. Aquela voz... Camila .

A vilã que, com um mergulho teatral em uma piscina, destruiu o casamento de Luana, agora estava ali, coberta de joias e veneno. 

Luana respirou fundo, sentindo o sangue ferver, mas seu rosto permaneceu uma máscara de gelo.

- Camila?

 - Luana disse, virando-se lentamente. 

- O céu tem olhos. A retribuição costuma ser lenta, mas garanto que a sua está batendo à porta.

Camila soltou uma gargalhada anasalada, apontando para o casaco nas mãos de Luana.

- Retribuição? Olhe para você! 

Mal deve ter dinheiro para o ônibus. Esse casaco custa quase cem mil reais. 

Largue isso antes que suas mãos pobres manchem o tecido!

A vendedora, ouvindo o veneno de Camila, aproximou-se com o nariz empinado.

- Senhora, se não for comprar, por favor, afaste-se. Se estragar a peça, teremos que chamar a polícia.

Luana sentiu o insulto, mas apenas sorriu.

- um sorriso que não chegava aos olhos.

- Quem disse que eu não vou comprar?

 Vou levar este, aquele azul-marinho e os três ternos de seda. 

Embrulhe tudo.

Camila cruzou os braços, esperando o momento humilhante em que o cartão seria recusado. Mas o "Bip" da máquina soou como um tiro de misericórdia.

 Pagamento aprovado: 988.880 mil reais.

O rosto de Camila empalideceu de inveja. 

De onde veio esse dinheiro? Algum velho rico a sustenta? 

Ela pensou, furiosa por ver que Luana estava ainda mais bonita e radiante do que antes.

- Espere!

 - Luana barrou a saída de Camila.

 - Você prometeu que se eu pagasse, você se esbofetearia.

Eu comprei dez peças. Onde estão os t***s?

Camila tremeu de raiva, mas então, pelo canto do olho, viu uma silhueta alta e imponente se aproximando da loja.

 Alessandro. Em um piscar de olhos, a vilã mudou de tática. 

Ela levantou a própria mão e, com uma força brutal, esbofeteou a própria face, caindo sentada no chão enquanto as lágrimas jorravam sob comando.

- Luana, por favor!

 - Camila soluçou.

 - Eu sei que você me odeia por causa do divórcio, mas me bater em público? 

Como você pode ser tão cruel?

Camila? O que aconteceu?

 - A voz de Alessandro, profunda e fria, ecoou pela loja.

Ele ajudou Camila a se levantar, enquanto seus olhos .

- Aqueles olhos que um dia Luana amou.

 - Cravavam-se nela como adagas. Seis anos não diminuíram a presença esmagadora dele.

- Alessandro, não a culpe... 

- Camila mentiu, escondendo o rosto no peito dele.

 - Foi erro meu ter falado com ela.

 Eu caí sozinha...

- Você não ouviu o que ela disse? 

- Luana retrucou, o sarcasmo pingando de sua voz. 

- Ela mesma confessou: ela se bateu e caiu sozinha.

Alessandro avançou, a aura sombria fazendo a temperatura da loja cair.

- Peça desculpas agora, Luana. Ou eu mesmo te levo para a delegacia!

Escondidos atrás de um display de gravatas, os três pequenos observavam tudo.

- Aquele canalha é o nosso pai? 

- Lucca, o mais velho, cerrou os punhos.

- Ele quer quebrar a mamãe!

 - Matteo bufou, pronto para o combate.

- Vamos salvar a mamãe! 

- Mia, a pequena cópia de Alessandro, tentou correr, mas foi segurada pelos irmãos.

- Mia, não! Se ele vir seu rosto, vai nos roubar dela!

 - Lucca avisou. 

- Matteo, me ajude. Vamos usar o sistema da loja.

Enquanto Alessandro apertava o pulso de Luana, arrastando-a para fora com força bruta, Lucca conectou seu mini-tablet à rede Wi-Fi da boutique.

- Solte-me, Alessandro! Seus olhos continuam cegos!

 - Luana gritava, lutando contra o aperto dele.

- Vou te ensinar o que acontece com quem morde a mão que a protegeu.

 - Alessandro sibilou.

 - Você vai para a prisão por essa agressão! Ele estava prestes a arrastá-la para o carro quando, de repente, todas as telas de LED da loja e os telões gigantes do shopping center piscaram. 

O som ambiente foi cortado por um sinal de alerta.

Alessandro parou. Camila parou.

Nas telas, um vídeo em ângulo perfeito .

- Gravado pelo relógio inteligente de Lucca .

- Mostrava Jéssica rindo, esbofeteando a própria cara com um estalo alto e se jogando no chão enquanto olhava para a entrada, esperando Alessandro aparecer.

O silêncio no shopping tornou-se absoluto.

Luana soltou o braço do aperto de um Alessandro paralisado. Ela limpou o ombro onde ele a havia tocado, como se tirasse uma sujeira invisível.

- E então, Alessandro? 

- Luana perguntou, com um sorriso vitorioso.

- Quem é que vai para a prisão agora por falso testemunho e difamação?

Alessandro inclinou-se sobre Luana. A beleza de suas feições, antes um refúgio para ela, agora parecia esculpida em gelo. Ele a cercou com seu peso, a sombra de seu corpo nublando a visão dela. De repente, sua mão disparou, prendendo o queixo de Luana com uma força bruta.

O ódio emanava dele como uma onda de calor, mas Luana não recuou. Ela não era mais a sombra frágil que ele costumava pisar. O "novo eu" dela queimava por baixo da pele.

- Me solte, Alessandro.

 - A voz dela baixou para um sussurro perigoso.

 - Ou eu vou garantir que essa seja a última vez que você toca em alguém.

Com um movimento brusco e um chute certeiro que o obrigou a recuar, ela se desvencilhou.

 A mão dele, antes áspera e firme, agora parecia apenas patética. Ela o olhou de cima a baixo, gravando na memória aquele rosto bonito e detestável.

- Quantos anos, Luana?

 - O sorriso dele era uma cicatriz de escárnio. - Naquela época, você mendigava por um filho para me amarrar. 

Agora que se livrou do "Casamento", quer o quê? Uma medalha de pureza?

Luana sentiu o gosto amargo da ironia. Ela soltou um riso seco, que vibrou contra os dedos dele.

- Pura? Limpa? - Ela o encarou com um brilho de aço nos olhos. 

- É assim que você me vê? Se eu fosse metade da vilã que você imagina, Alessandro, eu não estaria aqui ouvindo seus insultos.

- Você está cego, Alessandro.

 Sempre esteve. 

- Ela o empurrou pelo peito com as duas mãos, um gesto de repulsa final.

 - Não cruze meu caminho de novo. Eu não tenho mais nada a perder, e pessoas como eu são letais.

Ela girou os calcanhares. Suas costas, retas e rígidas, eram um muro que ele não conseguia mais atravessar.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App