Mundo de ficçãoIniciar sessãoA Capital de Arezzo brilhava sob o sol da tarde, mas para Luana, o ar cheirava a acerto de contas.
Ao seu lado, três pequenos vultos se agitavam.
- Mamãe, acorde! Chegamos em casa!
- A vozinha doce a despertou.
Luana abriu os olhos e encarou a selva de pedra pela janela do carro.
Arezzo , eu voltei. Mas desta vez, ela não estava sozinha.
Ela segurou as mãos gordinhas de seus filhos e seguiu para o shopping mais luxuoso da cidade.
Amanhã seria o grande banquete de posse de seu irmão como CEO, e ela queria que ele estivesse impecável.
Enquanto os bebês iam ao banheiro sob a supervisão discreta de um segurança, Luana entrou em uma boutique de grife.
Seus olhos pousaram em um casaco de corte impecável.
Mas, antes que pudesse tocá-lo, uma voz estridente rasgou o silêncio da loja.
- Não acredito!
Luana?
Pensei que você estivesse apodrecendo em algum buraco após fugir daqui há seis anos!
Luana congelou. Aquela voz... Camila .
A vilã que, com um mergulho teatral em uma piscina, destruiu o casamento de Luana, agora estava ali, coberta de joias e veneno.
Luana respirou fundo, sentindo o sangue ferver, mas seu rosto permaneceu uma máscara de gelo.
- Camila?
- Luana disse, virando-se lentamente.
- O céu tem olhos. A retribuição costuma ser lenta, mas garanto que a sua está batendo à porta.
Camila soltou uma gargalhada anasalada, apontando para o casaco nas mãos de Luana.
- Retribuição? Olhe para você!
Mal deve ter dinheiro para o ônibus. Esse casaco custa quase cem mil reais.
Largue isso antes que suas mãos pobres manchem o tecido!
A vendedora, ouvindo o veneno de Camila, aproximou-se com o nariz empinado.
- Senhora, se não for comprar, por favor, afaste-se. Se estragar a peça, teremos que chamar a polícia.
Luana sentiu o insulto, mas apenas sorriu.
- um sorriso que não chegava aos olhos.
- Quem disse que eu não vou comprar?
Vou levar este, aquele azul-marinho e os três ternos de seda.
Embrulhe tudo.
Camila cruzou os braços, esperando o momento humilhante em que o cartão seria recusado. Mas o "Bip" da máquina soou como um tiro de misericórdia.
Pagamento aprovado: 988.880 mil reais.
O rosto de Camila empalideceu de inveja.
De onde veio esse dinheiro? Algum velho rico a sustenta?
Ela pensou, furiosa por ver que Luana estava ainda mais bonita e radiante do que antes.
- Espere!
- Luana barrou a saída de Camila.
- Você prometeu que se eu pagasse, você se esbofetearia.
Eu comprei dez peças. Onde estão os t***s?
Camila tremeu de raiva, mas então, pelo canto do olho, viu uma silhueta alta e imponente se aproximando da loja.
Alessandro. Em um piscar de olhos, a vilã mudou de tática.
Ela levantou a própria mão e, com uma força brutal, esbofeteou a própria face, caindo sentada no chão enquanto as lágrimas jorravam sob comando.
- Luana, por favor!
- Camila soluçou.
- Eu sei que você me odeia por causa do divórcio, mas me bater em público?
Como você pode ser tão cruel?
-
Camila? O que aconteceu?- A voz de Alessandro, profunda e fria, ecoou pela loja.
Ele ajudou Camila a se levantar, enquanto seus olhos .
- Aqueles olhos que um dia Luana amou.
- Cravavam-se nela como adagas. Seis anos não diminuíram a presença esmagadora dele.
- Alessandro, não a culpe...
- Camila mentiu, escondendo o rosto no peito dele.
- Foi erro meu ter falado com ela.
Eu caí sozinha...
- Você não ouviu o que ela disse?
- Luana retrucou, o sarcasmo pingando de sua voz.
- Ela mesma confessou: ela se bateu e caiu sozinha.
Alessandro avançou, a aura sombria fazendo a temperatura da loja cair.
- Peça desculpas agora, Luana. Ou eu mesmo te levo para a delegacia!
Escondidos atrás de um display de gravatas, os três pequenos observavam tudo.
- Aquele canalha é o nosso pai?
- Lucca, o mais velho, cerrou os punhos.
- Ele quer quebrar a mamãe!
- Matteo bufou, pronto para o combate.
- Vamos salvar a mamãe!
- Mia, a pequena cópia de Alessandro, tentou correr, mas foi segurada pelos irmãos.
- Mia, não! Se ele vir seu rosto, vai nos roubar dela!
- Lucca avisou.
- Matteo, me ajude. Vamos usar o sistema da loja.
Enquanto Alessandro apertava o pulso de Luana, arrastando-a para fora com força bruta, Lucca conectou seu mini-tablet à rede Wi-Fi da boutique.
- Solte-me, Alessandro! Seus olhos continuam cegos!
- Luana gritava, lutando contra o aperto dele.
- Vou te ensinar o que acontece com quem morde a mão que a protegeu.
- Alessandro sibilou.
- Você vai para a prisão por essa agressão! Ele estava prestes a arrastá-la para o carro quando, de repente, todas as telas de LED da loja e os telões gigantes do shopping center piscaram.
O som ambiente foi cortado por um sinal de alerta.
Alessandro parou. Camila parou.
Nas telas, um vídeo em ângulo perfeito .
- Gravado pelo relógio inteligente de Lucca .
- Mostrava Jéssica rindo, esbofeteando a própria cara com um estalo alto e se jogando no chão enquanto olhava para a entrada, esperando Alessandro aparecer.
O silêncio no shopping tornou-se absoluto.
Luana soltou o braço do aperto de um Alessandro paralisado. Ela limpou o ombro onde ele a havia tocado, como se tirasse uma sujeira invisível.
- E então, Alessandro?
- Luana perguntou, com um sorriso vitorioso.
- Quem é que vai para a prisão agora por falso testemunho e difamação?
Alessandro inclinou-se sobre Luana. A beleza de suas feições, antes um refúgio para ela, agora parecia esculpida em gelo. Ele a cercou com seu peso, a sombra de seu corpo nublando a visão dela. De repente, sua mão disparou, prendendo o queixo de Luana com uma força bruta.
O ódio emanava dele como uma onda de calor, mas Luana não recuou. Ela não era mais a sombra frágil que ele costumava pisar. O "novo eu" dela queimava por baixo da pele.
- Me solte, Alessandro.
- A voz dela baixou para um sussurro perigoso.
- Ou eu vou garantir que essa seja a última vez que você toca em alguém.
Com um movimento brusco e um chute certeiro que o obrigou a recuar, ela se desvencilhou.
A mão dele, antes áspera e firme, agora parecia apenas patética. Ela o olhou de cima a baixo, gravando na memória aquele rosto bonito e detestável.
- Quantos anos, Luana?
- O sorriso dele era uma cicatriz de escárnio. - Naquela época, você mendigava por um filho para me amarrar.
Agora que se livrou do "Casamento", quer o quê? Uma medalha de pureza?
Luana sentiu o gosto amargo da ironia. Ela soltou um riso seco, que vibrou contra os dedos dele.- Pura? Limpa? - Ela o encarou com um brilho de aço nos olhos.
- É assim que você me vê? Se eu fosse metade da vilã que você imagina, Alessandro, eu não estaria aqui ouvindo seus insultos.
- Você está cego, Alessandro.
Sempre esteve.
- Ela o empurrou pelo peito com as duas mãos, um gesto de repulsa final.
- Não cruze meu caminho de novo. Eu não tenho mais nada a perder, e pessoas como eu são letais.
Ela girou os calcanhares. Suas costas, retas e rígidas, eram um muro que ele não conseguia mais atravessar.







