Mundo ficciónIniciar sesión- Qual é o plano? - perguntaram Luca e Mia ao mesmo tempo, olhando para o irmão mais velho com expectativa.
Mateo não respondeu de imediato. Ele deslizou o dedo pelo seu smartwatch de última geração e discou um número codificado.
- Tio, agora!- sussurrou ele, com uma seriedade que não condizia com seus cinco anos.Enquanto isso, no centro da loja, a tensão entre os adultos atingia o ponto de ebulição.
Diante do questionamento agressivo de Alessandro, Luana respirou fundo, comprimindo os lábios.- Tudo bem - disse ela, a voz estranhamente calma.
- Eu peço desculpas a ela.Alessandro relaxou os ombros, sentindo uma pontada de satisfação ao pensar que Luana finalmente havia cedido.
Ele retirou sua aura fria e recuou um passo, permitindo que ela se aproximasse de Camila.
Camila, ainda caída no chão, estava de costas para Alessandro. Ao ver Luana se aproximar com o que parecia ser uma postura de derrota, ela ergueu uma sobrancelha e exibiu um sorriso triunfante e carregado de escárnio.
- Peça agora, sua miserável - sibilou Camila, num tom que apenas Luana pudesse ouvir.
Nesse instante, em vez de palavras, o que se ouviu foi um estalo seco e violento. Luana descarregou um tapa certeiro no rosto de Camila.
O som ecoou por toda a galeria do MixC.
Camila ficou estupefata, a bochecha ardendo instantaneamente. Até Alessandro congelou, pego de surpresa pela audácia de Luana.
- Eu nunca fiz isso antes, por isso nunca admiti - disse Luana, sacudindo a mão levemente e encarando Alessandro com uma coragem inabalável.
- Mas agora eu fiz. Eu a agredi. E quer saber?
Ela merece.- Sua...
- Alessandro deu um passo à frente, os olhos injetados.
- Ainda faltam nove - murmurou Luana para si mesma, erguendo a mão novamente.
- Pare!
- Alessandro rugiu, avançando e agarrando o pulso de Luana com uma força bruta.- Ai! - Luana soltou um gemido involuntário.
A força dele era excessiva, e ela sentiu os ossos do pulso protestarem.
Escondidos, os três corações infantis saltaram de dor ao verem a mãe sofrer.
- Cara mau! - Mia bateu o pé, as lágrimas já inundando os olhos.- Por que o tio está demorando? - Luca perguntou, ansioso. - Calma - Mateo ordenou, embora suas próprias mãos estivessem tremendo. - O tio disse que ia cuidar disso. Não podemos sair daqui ou estragamos tudo.- Luana! - Alessandro rosnou o nome dela entre dentes.
- Não acredito que, depois de seis anos, você voltou ainda mais cruel e arrogante!
Como ousa bater nela na minha frente? Mesmo com o braço latejando, Luana cravou os olhos nos dele.
- Nunca imaginei que, depois de seis anos, você continuaria tão cego, Alessandro!
- Você está brincando com a morte! - A atmosfera ao redor do homem tornou-se gélida.
Luana sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não desviou o olhar.
Para Alessandro, aquela teimosia era a prova final de que ela não sentia nenhum remorso.
- Muito bem. Eu não pretendia desenterrar o que você fez à Camila há seis anos.
Mas já que você insiste em agir assim, não me culpe por ser implacável. Ele a puxou bruscamente pelo braço, arrastando-a em direção à saída.- Alessandro!
Me solta! O que você está fazendo?- Vou levar você pessoalmente para a delegacia!Luana tentou resistir, agarrando-se a uma coluna de mármore.
- Me solta!
Eu já disse que não fui eu quem começou isso!- E você acha que eu acreditaria...?- Alessandro parou de falar abruptamente.
Pelo canto do olho, ele viu um movimento estranho. No telão gigante da praça central do shopping, a publicidade de perfumes havia desaparecido. Em seu lugar, surgiu um vídeo de segurança em alta definição.
Era a discussão de Luana e Camila, momentos antes de ele chegar.
E não era apenas naquele telão; todos os painéis de LED do shopping - das vitrines às colunas digitais - exibiam a mesma cena.
No vídeo, a voz de Camila ecoava nítida: "Luana, você é uma caipira sem um tostão...
Se você puder pagar, eu mesma dou um tapa na minha cara!
"O shopping inteiro parou para assistir. O vídeo mostrava Camila desferindo o tapa em si mesma e se jogando no chão com uma atuação digna de Oscar assim que avistou Alessandro."
- Não! Isso não pode estar acontecendo!
- Camila sentiu o chão desaparecer sob seus pés.
Ela tentou correr para cobrir a tela mais próxima, mas era inútil.
Milhares de pessoas agora viam sua face verdadeira: sinistra, manipuladora e ardilosa.
Alessandro sentiu o sangue ferver, mas desta vez, o alvo era outro.
Ele olhou para Camila, que agora encolhia-se de pavor, e depois para as pessoas ao redor, que começavam a cochichar termos como "cobra" e "falsa".
- Sr. Alessandro, pode soltar minha mão agora?
- Luana perguntou, com um brilho de vitória no olhar.Ela lançou um breve olhar em direção ao banheiro, sabendo exatamente quem eram os gênios por trás do "hackeamento".Alessandro soltou o pulso dela, visivelmente perturbado.
Em silêncio, ele pegou um talão, preencheu um cheque de R$ 500.000,00 e estendeu para Luana.
- Aceite isso como compensação.
Mas faça o vídeo parar agora. As pessoas ao redor já vaiavam Camila abertamente.
Se aquilo continuasse, a reputação dela estaria destruída para sempre.
Alessandro não entendia como Luana, uma mulher que ele acreditava ser uma "caipira" sem recursos, tinha poder para controlar o sistema de segurança do MixC.Luana olhou para o cheque e soltou uma risada amarga.- Você não mudou nada. Há seis anos, tentou me calar com uma casa; agora, com dinheiro.
Deixe-me ser clara: eu não quero o seu dinheiro.
Eu quero o pedido de desculpas dela!
Alessandro franziu a testa e, sem dizer uma palavra, rasgou o cheque e assinou outro, desta vez de R$ 1.000.000,00.
- Pegue - ordenou, em seu tom habitual de comando.
Luana respirou fundo, pegou o papel das mãos dele e, com movimentos lentos e deliberados, o rasgou em pedacinhos, jogando os confetes de papel diretamente no rosto de Alessandro.
- Eu... quero... um... pedido... de... desculpas! - disse ela, pausadamente.
Os dedos de Alessandro se fecharam em punhos.
- Há seis anos, você a empurrou na piscina. Considere que aquela dívida está paga com a humilhação de hoje.
Estamos quites.- "Quites"?
- Luana riu, aproximando-se dele.
- Você acha que pode simplesmente decidir quando as contas estão pagas?
Quem você pensa que é?
Antes que ela pudesse dizer mais nada, Alessandro deu um passo rápido e a prensou contra a coluna, cercando-a com os braços, os olhos escuros brilhando com um perigo letal.







