Meu mundo acabou. Não havia outra forma de descrever, tudo o que eu conhecia, tudo o que me mantinha firme se acabou em um instante, me deixando sozinha naquele abismo sem fundo.
Meu pai era o único farol na escuridão da minha vida, o homem que me carregara nos braços, brincava comigo, me ensinou tudo da fazenda e da vida, quando minha mãe nos abandonou, foi quem me ensinara a plantar sementes na terra úmida e a hora certa de um novilho nascer ou de um fruto ser colhido. E agora seu corpo estava ali inerte na cama que ele tanto odiava nos últimos meses, a mão que apertava a minha agora estava frouxa, sem forca, fria como a terra que o receberia em breve.
Eu deveria ter tido mais tempo. Deveria ter implorado ao universo, aos deuses, a qualquer coisa, por mais um dia, mais uma hora. Mas o tempo era cruel e o tirou rapidamente de mim quando tínhamos tanto ainda pra viver.
Primeiro, minha mãe me deixou aos dez anos, saindo pela porta da frente com uma mala e um adeus que ecoava como uma m