Tudo aquilo era um inferno. Eu me sentia preso em uma teia de dor e mentiras, o quarto do velho Duncan parecia se encolher ao meu redor, as paredes de madeira rangendo como se sussurrassem acusações. E para melhorar eu passei o dia todo com a perda dos meus pais voltando como uma maré negra, inundando minha mente sem piedade, o cheiro de sangue na mata, os gritos abafados, o silêncio que veio depois.
Eu odiava humanos por isso, odiava o que eles representavam: destruição, traição, um vazio que engolia tudo. Mas Alina e Duncan tornavam isso tão difícil, que era insuportável ver os dois sofrendo diante daquela perda iminente. A dor que eu via no rosto dela, crua e devastadora, sempre que se afastava dele e o amor e a devoção que ela deixava transparecer quando estava no quarto com ele, despertaram uma necessidade absurda de consolá-la, como se meu lobo soubesse que ela era parte de mim agora, eu querendo ou não.
Por que ela? Por que tinha que doer tanto vê-la assim?
Ela adormeceu depois