A Maldição da Dinastia Sangue Puro
A Maldição da Dinastia Sangue Puro
Por: Nicolle
CAPÍTULO 01.

Lembranças distantes se mesclado com a realidade. Sua fusão é tão caótica que me faz sentir como se tivesse percorrido grandes distâncias em campos desertos. Um suspiro de cansaço que escapa dentre meus lábios. O frio que banha meu corpo, as vozes desconexas que sussurram em meu ouvido, a ordem, a mão quente e trêmula que segura na minha, o olhar triste e amante que se distância. Um Último virar de costas, a silhueta de um Querubim que se distancia em direção ao seu fim.

— Corre. Corre e não olha para trás.

A voz firme que me puxava para realidade, como uma melodia de um filme de acção, muita correria, corpos suados, olhos inchados e banhados de lágrimas.

— Só corre Less— A dado momento sua voz cansou de dar ordens e preferiu me carregar em seu colo. Como se tivesse ganhado mas forças sua velocidade ultrapassa a média.

E depois disso só breu na minha mente, manchas de sangue. Eu deitada de bruços na neve gélida e suja de Brooklyn. Meu olhar morto em direção ao céu nublado.

— Assim você vai atrasar para escola.— movo meu corpo para fora da cama, ainda com o olhar apagado e a mente distante. — Teve pesadelos de novo?— o homem de cabelos loiros da altura do ombro, corpo magro e vestes de inverno perguntou com sua típica preocupação.

— Sim. Sempre que os tenho me sinto muito cansada... é como se eu estivesse tentando lembrar de algo que aconteceu. — falei entrando em consenso com as carícias que eram distribuídas em minha cabeça.

— Não esforce sua mente Harm. Se for para vir, viram. Caso não, não insista. Você sabe, A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.

{•••}

25 de Outubro de 2017

- Nós vamos atrasar a escola outra vez!

— Estou vindo, só mais um minuto.

— Você sempre diz o mesmo.

— E sempre saiu em um minuto!— abro a porta do meu quarto para ver meu amigo de infância parado ao lado de fora impaciente.

— Se não fosse por causa do quebra pau que acontece, eu não esperaria por você.

— Tenho a impressão que isso não é verdade.— sorriu pegando minha marmita na cozinha. — Tio estou saindo.

— Está bem. Epsilon cuide bem da minha filha.

— Pode deixar senhor. Vamos?— suas pupilas brilham em minha direção. Sorrio e respondo que sim— Você tem que começar a acordar cedo, sabia?

Epsilon é meu amigo desde os meus nove anos, dois anos após eu acabar aqui, sem memória e família. O conheci quando quase fui assassinada em meio a um quebra pau entre gangues. Ser humana, numa cidade repleta de sobrenaturais que vivem como animais selvagens se atacando não é fácil.

Epsilon me salvou e a partir daquele momento nunca mais nos desgrudamos. Até agora com os meus 17 anos. Não vejo a hora de terminar de estudar e sair dessa cidade. Não que eu não goste de viver com o tio Kayane, mas eu quero ser independente, conhecer sítios melhores, um local...com mais humanos talvez.

— E essa cara!— ele olhou para mim de lado. -- Está pensando no momento que vai cair fora dessa quebrada.

Fiz bico segurando o riso.

— Como sabe?

— Eu te conheço Harm!— Colocou sua mão em meu ombro — Você sabe que não é assim tão fácil né? Lá fora pode ser muito mais perigoso que aqui.

— Nunca vou saber se realmente é se eu nunca tentar. Você sabe como me sinto aqui!

- Inferior e sozinha. Eu sei. E sei que também está errada, e a garota mais corajosa que conheço, tem a mim, seu tio e um monte de amigos que sinto ciúmes.

Ri de suas palavras. Epsilon é alto, corpulento, de olhos azuis e loiro. Sua postura de viking já dá medo, mas isso se justifica por ele ser lobisomem. Epsilon é membro de uma das gangues de Brooklyn, vive com sua mãe e seu irmão mais novo, matou seu pai que obrigava a sua mãe a se prostituir para os sustentar, foi preso e por ser menor foi colocado num reformatório. O que não foi suficiente para o prender, em menos de um mês, ele já tinha formado aliados no reformatório, se uniram e fugiram de lá.

Ao ir a sua casa descobriu que sua mãe foi retirada a guarda de seu irmão mais novo, que foi mandado para um internado, por ela ser consumidora de drogas. Revoltado mas uma vez, Epsilon resolveu tudo do seu jeito. Invadiu o internato onde descobriu que seu irmão estava sendo maltratado enquanto o diretor engordava com as arrecadações. E por isso enforcou o diretor com uso de uma corda grossa.

Tanto ele quanto sua família foram procurados pela polícia, mas a polícia nada pode contra eles pois, Epsilon é um chefe de uma das gangues mais perigosas de Brooklyn.

E apesar desse comportamento aparentemente todo agressivo, eu não vejo Epsilon como um psicopata louco. Sim, uma pessoa de sentimentos profundos e difíceis de compreender. Eu acredito que existe algo bom nele, acredito não, eu sei que tem. A prova disso foi o que ele fez por mim, quem salvaria uma humana? Aqui em Brooklyn quem arriscaria sua reputação por uma humana?

E apesar dele já ter aprontado muito nessa vida, ele só tem vinte anos. Estamos fazendo juntos o último ano, apesar dele passar grande parte do tempo fora da escola, marcando seu território.

— Boa tarde! — digo abrindo a porta que dá direção ao telhado. Onde encontro Epsilon, Ícaro e Hélio deitados olhando o céu. — Vocês só vêm à escola para dormir, não é mesmo?

— Calcinha cor de rosa!— Hélio diz quando o vento sopra entre minhas pernas. Seguro a saia e me sento junto deles.

— Você tem de parar de ver a cor da Calcinha da minha esposa!

— Eu não tenho culpa se ela só usa saia!

— Parem com isso vocês dois. Não falem de mim como se eu não estivesse aqui!

Hélio e Ícaro são os mais próximos de Epsilon, seus braços direito e esquerdo.

Passei o recreio ali com eles e depois segui para o final das aulas.

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