Capítulo 4
Meus olhos se abriram, trêmulos, para o branco estéril da enfermaria.

O relógio na parede fazia tique-taque impiedosamente.

Cinco horas. Era tudo que me restava.

E ali, ao meu lado — Alice.

Minha ex-melhor amiga, agora agarrando minha mão como se fosse a única coisa me prendendo a este mundo. Seus soluços vinham em respirações entrecortadas, lágrimas escorrendo por seu rosto.

A ironia não passou despercebida por mim.

Anos atrás, ela havia me implorado para não me acasalar com Luke.

— Ele vai te destruir. — Ela havia avisado. Mas eu estava cega, cortando relações com ela por ousar questionar minha escolha.

E agora?

Agora, enquanto a morte se aproximava, ela era a única que restara ao meu lado.

— Emma...

A voz de Alice quebrou.

— O que eles fizeram com você?

Seus dedos tremeram contra meu pulso.

— Sua loba — eles dizem que os órgãos dela estão falhando. Como Luke pôde deixar isso acontecer?

Tentei falar, mas minha respiração veio em suspiros superficiais.

— Alice... — Consegui dizer. — Quando eu partir... apenas... certifique-se de que eu tenha um lugar quieto para descansar.

Minha força falhou. Desabei de volta, meu peito ofegante.

Sem palavras, Alice alcançou minha bolsa, puxando os documentos. Ela não precisava perguntar — ela já sabia.

Uma hora.

O mundo embaçou nas bordas.

Então, meu telefone se acendeu na mão de Alice. Três mensagens de Fiona:

[Parabéns, Emma — você oficialmente perdeu tudo para mim. Valeu a pena?]

[Você realmente achou que eles escolheriam você? Você nunca foi família. Apenas um substituto.]

[Desapareça logo. O mundo não vai sentir falta de uma perdedora como você.]

O aperto de Alice na minha mão se intensificou. Pela primeira vez em anos, não me senti sozinha.

Fechei os olhos, o rosto de Fiona lampejando em minha mente — meu maior erro.

A memória queimou como veneno:

Aquela noite chuvosa anos atrás, quando a encontrei — uma órfã faminta, tremendo perto das latas de lixo.

Minha bondade tola me fez levá-la para casa. Implorei aos meus pais que a alimentassem. Fiz Kane comprar roupas novas para ela.

E o que isso me rendeu?

Em algumas semanas, ela havia roubado meu quarto, minha família, minha vida.

Meus pais a mimavam enquanto me criticavam.

Kane se lembrava do aniversário dela mas esquecia o meu — mesmo sendo apenas um dia de diferença.

Meus pertences se tornaram dela.

Meu amor, seu troféu.

O sussurro de Fiona ainda me assombrava:

— Por que você deveria ter tudo quando eu não tinha nada?

— Vou pegar tudo — sua família, sua riqueza, seu futuro. Nunca voltarei a ser aquela renegada faminta novamente.

Eu havia acreditado, ingenuamente, que um dia minha família veria através de suas mentiras. Que eles perceberiam que eu era quem realmente os amava.

Mas eu estava errada.

Toda vez que eu falava a verdade, eles me acusavam de ciúme, mesquinhez, crueldade.

Luke e Jim — meu próprio companheiro e filho — a escolheram também.

Então eu aceitei. Eu era quem não pertencia.

Dez minutos restantes.

Minha visão escureceu. Minha respiração ficou superficial.

Então — o telefone tocou.

Alice atendeu, mas a voz da minha mãe cortou antes que eu pudesse falar:

— Emma, compre um bolo de manga no caminho para casa. Fiona está recebendo alta da enfermaria amanhã.

A voz de Kane, fria e desdenhosa, seguiu:

— Limpei seu quarto. Você concordou em dá-lo para Fiona. Não se esqueça de pegar suas coisas.

Clique.

Mesmo agora — em meu leito de morte — eles só se importavam com ela.

Alice chorou ao meu lado, suas palavras perdidas no vazio.

Então, minha loba sorriu — sua voz suave, consoladora.

— Estamos indo para casa agora... onde não há mais dor.

E às 8:00 da noite, Emma deu seu último suspiro.

Aos 27 anos.
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