Capítulo 6
— Porque o Rui, na época, era mais rico que o Rodrigo, é claro. — Agatha respondeu com um sorriso. — Desde que me paguem, eu faço qualquer coisa. Agora que o Rodrigo herdou a fortuna da família, é óbvio que eu não vou largá-lo. Você tem ideia de como ele era louco nos seis anos em que estivemos juntos? Ele nunca sequer olhou para outra mulher, só tinha olhos para mim. É por isso que, por mais que você tente seduzi-lo, nunca vai conseguir.

Agatha continuou, com um tom cheio de superioridade:

— Ele sempre guardou a "fidelidade masculina" dele só para mim. E você? O que você é para ele? No último leilão, eu me apaixonei por uma pulseira caríssima, e ele não hesitou em arrematá-la por mim, mesmo sendo um valor absurdo. Alguma vez você teve esse tipo de tratamento?

Cada palavra de Agatha era como uma faca cega cortando o coração de Melissa. Mesmo assim, Melissa respirou fundo e perguntou:

— Então, tudo isso é para provar que você consegue ganhar de todos?

Agatha riu, com um olhar desdenhoso.

— Ganhar o Rodrigo de volta de você já é o suficiente. — Ela inclinou a cabeça, provocando. — Vamos fazer uma aposta? Assim que ele sair da sala de cirurgia, vamos ver qual nome ele chama primeiro.

Melissa ainda mantinha uma pequena esperança, por mais irracional que fosse. Talvez, Rodrigo tivesse um pouco de consciência. Talvez, ele ao menos se lembrasse dela.

Sete anos juntos. Nem que fosse por hábito, Rodrigo deveria se preocupar se ela conseguiu sair do incêndio com vida. Até com um gato ou um cachorro, depois de tanto tempo, se cria algum tipo de vínculo.

Mas, uma hora depois, quando Rodrigo foi empurrado para fora da sala de cirurgia, ainda sob o efeito da anestesia, a primeira palavra que saiu de sua boca foi:

— Agatha...

Agatha olhou para Melissa com um sorriso provocador:

— E então? Mais uma vez, eu ganhei.

Melissa ficou paralisada enquanto assistia Agatha correr para o lado de Rodrigo. Naquele momento, a última centelha de esperança dentro dela se apagou.

Nos dias seguintes, Melissa e Rodrigo continuaram no hospital para tratamento.

Melissa era obrigada a assistir, todos os dias, Agatha cuidando pessoalmente de Rodrigo. Ela não saía do lado dele nem por um segundo, fechando qualquer possibilidade de Melissa se aproximar.

Na tarde em que Melissa teve alta, Rodrigo apareceu em seu quarto. Ele trouxe uma refeição nutritiva para ela e entregou uma caixa pequena e elegante.

— Daqui a três dias é seu aniversário. — Ele disse, com a voz baixa. — Dentro dessa caixa tem uma chave. Eu deixei seu presente no closet. Quando chegar o momento, use essa chave para abrir e ver o que é.

Três dias depois. O mesmo dia em que Melissa iria embora.

Ela aceitou a chave sem demonstrar nenhuma emoção e respondeu com uma voz calma:

— Obrigada.

Enquanto ela pegava sua bolsa para sair e resolver os procedimentos de alta, um formulário de imigração escorregou para fora da bolsa e caiu no chão.

Rodrigo abaixou-se para pegá-lo e, ao ler o título do documento, franziu as sobrancelhas:

— O que é isso? Você está planejando imigrar?

Melissa pegou o formulário da mão dele e mentiu sem hesitar:

— É de uma amiga minha. Ela deixou comigo, e eu ia devolver agora.

Rodrigo pareceu relaxar um pouco. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, analisando o rosto de Melissa, que estava visivelmente abatido nos últimos dias. Após um momento de hesitação, ele disse com seriedade:

— No dia do seu aniversário, eu já terei recebido alta. Quando esse dia chegar, eu quero comemorar com você. Melissa, espere por mim em casa.

Melissa sentiu o coração estremecer. Ela abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz de Agatha ecoou no corredor:

— Rodrigo, eu mesma fiz uma sopa de galinha para você...

Assim que ouviu a voz de Agatha, Rodrigo saiu imediatamente do quarto de Melissa. A conversa carinhosa entre os dois foi ficando cada vez mais distante, mas as palavras chegaram nitidamente aos ouvidos de Melissa.

Melissa soltou uma risada amarga e, sem dizer nada, começou a arrumar suas coisas para sair do hospital.

No entanto, assim que ela deixou o quarto e entrou no corredor, alguém a puxou à força para dentro do banheiro.

Melissa levantou a cabeça apressada, assustada, apenas para ver Agatha parada em sua frente, com um sorriso frio nos lábios:

— Rodrigo acabou de sair do seu quarto. Você não estaria tentando quebrar o nosso acordo, certo? Perdeu a aposta e agora está querendo seduzi-lo?

Melissa encarou Agatha com raiva, os olhos cheios de indignação:

— Eu não fiz isso. Eu prometi que iria embora e não vou voltar atrás.

Agatha estreitou os olhos, seu rosto endurecendo:

— Então fique longe dele. Não apareça mais por perto.

Melissa, cansada demais para discutir com Agatha, tentou se levantar, mas acabou, sem querer, chutando a perna de Agatha.

Agatha explodiu de irritação e deu uma ordem firme às pessoas que a acompanhavam:

— Segurem ela! Quero que coloquem a cabeça dela dentro do vaso sanitário!

Sem hesitar, os homens agarraram Melissa e a forçaram em direção ao banheiro. Eles seguraram sua cabeça com firmeza e a empurraram para dentro do vaso sanitário.

Agatha, aproveitando a situação, apertou repetidamente a descarga, enquanto Melissa, com todas as forças, mantinha os lábios fechados para não engolir a água suja.

A cada vez que Melissa era puxada para cima para respirar, eles voltavam a empurrá-la para dentro do vaso.

Dentro da sua mente, Melissa contou cada vez que isso aconteceu. Foram 19 vezes. Dezenove vezes em que sua cabeça foi enfiada no vaso sanitário. Era como se Agatha estivesse zombando dela, como se estivesse contando cada tentativa fracassada de conquistar Rodrigo.

A humilhação só terminou quando a porta do banheiro foi aberta de repente. Rodrigo entrou e, ao ver a cena, franziu a testa:

— O que vocês estão fazendo?

Agatha imediatamente soltou Melissa, que estava completamente ensopada e exausta. Com um falso ar de preocupação, Agatha começou a limpar a sujeira no corpo de Melissa com um lenço, enquanto explicava com um sorriso:

— Melissa deixou o brinco cair no vaso. Ela insistiu em entrar para procurar, mesmo com a gente pedindo para ela parar. Não foi, pessoal?

As pessoas que Agatha havia subornado assentiram rapidamente, aproveitando a oportunidade para sair correndo.

Melissa ofegava, tentando recuperar o fôlego. Com os olhos cheios de raiva, empurrou Agatha para longe e gritou:

— Foi você! Você colocou minha cabeça no vaso 19 vezes!

Agatha fez uma expressão de inocência total e correu para o lado de Rodrigo, escondendo-se atrás dele:

— Rodrigo, eu não fiz isso. Você sabe que eu nunca faria algo assim. Por favor, acredite em mim...

Melissa olhou para Rodrigo, implorando por justiça. Ela queria, desesperadamente, que ele acreditasse nela.

Mas Rodrigo, com o rosto impassível, respondeu:

— É só um brinco. Você pode comprar outro. Essa água é suja, Melissa. Por que você insistiu em procurar?

Agatha sorriu discretamente, triunfante, e, sem dizer mais nada, segurou o braço de Rodrigo e o puxou para fora do banheiro.

Melissa ficou parada, completamente atordoada. Ela não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Rodrigo havia ignorado tudo o que ela passou. Ele escolheu acreditar nas palavras vazias de Agatha ao invés de enxergar a verdade que estava bem diante de seus olhos: Melissa estava encharcada, humilhada, completamente destruída.

O fato de Melissa ter sido forçada a enfiar a cabeça no vaso sanitário 19 vezes não era suficiente para Rodrigo acreditar nela. Duas frases cheias de falsidade ditas por Agatha bastaram para que ele a defendesse.

Isso fez Melissa soltar uma risada fria e amarga. Ela se sentia humilhada, como um inseto rastejando no chão, completamente insignificante.

Com os olhos fechados, Melissa apertou os punhos com força, tentando conter a raiva que queimava em seu peito. Mas as lágrimas de humilhação e dor escaparam, correndo por seu rosto em silêncio.
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