Selena passou a primeira noite naquela casinha escondida sem dormir. Virava de um lado pro outro na cama pequena de madeira, o colchão fazia barulho a cada movimento. O cheiro da madeira crua misturado com o da floresta dava uma sensação de solidão que ela nunca tinha sentido antes, mesmo sendo tão só. Nem mesmo quando perdeu a sua mãe se sentiu assim, tão... partida.
Ela olhava pro teto sem foco, os olhos ardiam de tanto chorar. Tinha um cobertor fino cobrindo o corpo, mas o frio vinha de dentro. De dentro do peito. Era o tipo de frio que armadura nenhuma no mundo conseguiria proteger.
Na manhã seguinte, o sol mal tinha nascido e ela já tava de pé. Lavou o rosto com água gelada da bacia, amarrou o cabelo num coque torto e tentou se convencer de que tinha feito a coisa certa. Não oreia perder a sua tão sonhada liberdade.
Mas cada vez que ela lembrava dos olhos de Flávio, daquele olhar no palco quando ele revelou o vínculo deles, parecia que o chão se abria de novo.
"Ele não me escutou