Os pneus cantam baixinho contra o asfalto enquanto Juli estaciona em frente à casa escura. Juli apoia os braços no volante, observando a amiga em silêncio por um instante antes de quebrar o clima.
— Tem certeza de que não quer voltar pra nossa casa? — Ela pergunta pela terceira vez naquela noite, o tom mais suave do que o habitual. — Continuo colocando lençóis com cheiro de lavanda na sua cama, a porta do banheiro continua com um rangido horrível, e a sua estante de livros talvez tenha alguns volumes novos.
Celina sorri, mas o sorriso não chega aos olhos. Seus dedos deslizam pelo cinto de segurança, ela sabe que citar livros novos é a maneira de Juli tenta convence-la a voltar.
— Não posso, Juli. Ainda não. Não até resolver tudo... isso — o “isso” carrega peso demais para ser explicado em voz alta.
— Tudo bem — Juli suspira, se dando por vencida, apoiando o queixo no encosto da mão. De repente, um brilho malicioso toma conta de seus olhos enquanto encara a melhor amiga. — Então, como