Por um instante, Matteo sentiu o tempo parar. Tudo, o ruído dos seus próprios pensamentos, o som distante da cidade, até o pulsar do seu coração, pareceu suspenso. A visão dela, parada no limiar da porta, fê-lo esquecer o motivo da sua irritação. Bastou-lhe um olhar.
Aqueles olhos… aqueles malditos olhos que o faziam desabar por dentro sempre que o fitavam. Tão serenos e, ao mesmo tempo, tão inquietos. Eram como o mar em dia de tempestade, belos, perigosos, impossíveis de decifrar.
Ficaram a olhar-se em silêncio, como se ambos procurassem nas entrelinhas aquilo que as palavras não conseguiam expressar. Havia dor, culpa e ternura entre eles.
Nenhum dos dois parecia disposto a quebrar o momento, mas o peso do silêncio tornava-se quase insuportável.
— Eu vou sair.
Disse Matteo por fim, a voz rouca, tensa.
— Desculpa se…
Murmurou Darya ao mesmo tempo.
A coincidência fez com que ambos parassem, confusos. Darya deu um pequeno passo atrás, como se quisesse recuar de si própr