Daniel chegou ao apartamento de Lívia antes do horário combinado.
Não por ansiedade — dizia a si mesmo —, mas por estratégia. Gostava de chegar antes, observar o ambiente, antecipar possíveis riscos. Ainda assim, enquanto esperava no carro, estacionado do outro lado da rua, sentiu algo diferente apertar o peito. Não era controle. Era expectativa.
Quando ela apareceu na porta do prédio, ele saiu do carro.
Lívia vestia um vestido simples e largo, os cabelos presos de qualquer jeito. Nada de maquiagem. Nada de esforço para impressionar. Ainda assim, havia nela uma dignidade silenciosa que o fez endireitar a postura.
— Obrigada por vir — disse ela, mantendo certa distância.
— Obrigado por me receber — respondeu ele.
Ela indicou o pequeno apartamento com um gesto curto.
— Vamos conversar aqui. É melhor.
Daniel entrou e observou tudo com atenção: os móveis antigos, o espaço apertado, as contas sobre a mesa, a janela que dava para a rua movimentada. Aquilo não era apenas um lugar. Era a real