33. CHARLES, O INEXISTENTE 2
Meu coração salta ao ver Charles entrar no quarto.
Eu quero gritar, empurrá-lo para fora e implorar para meus pais não o deixarem voltar, mas os dois estão com ele agora, encarando-me com um sorriso complacente.
Nunca me visitam juntos, pelo menos não tenho lembrança de que o façam.
Por mil demônios, há algo acontecendo, e estou com medo.
Olho por cima do ombro do meu pai apenas para ver meu reflexo no espelho, tão parecido com minha mãe.
A cada dia que passa a semelhança aumenta, e a cada dia que passa o modo como sou tratada também piora, mas a culpa é minha.
Falho demais mesmo tendo tudo.
Minha caligrafia é mediana, minha habilidade com números é mediana, e minha memória é terrível. Talvez se eu fosse mais esperta eles me amassem mais, como fazem com Charles, pois o deixam sair, diferente de mim.
Sou uma vergonha em muitos aspectos, então não é estranho que mantenham a mancha escondida.
—Trouxe um presente. Cheguei de viagem hoje, preciso de um banho mas não pude esperar para ve