NOAH
Ella estava pálida.
Não — aquilo não era só cansaço.
Não era só “não dormi bem”, como ela tentou me convencer.
Ela estava mal.
E isso me atingiu com um impacto tão violento que eu ainda estava tentando manter o controle das próprias mãos.
Eu passo por ela sem pedir permissão — mas mantendo um cuidado quase involuntário de não encostá-la.
O quarto é minúsculo.
Ridiculamente pequeno.
Uma cama estreita, um ventilador barulhento, uma mesa que mal cabe um caderno e uma janela que parece ter sido colocada ali apenas para cumprir tabela.
Que inferno é esse que ela escolheu para si?
Eu fecho a porta atrás de mim.
Ella permanece ali, com uma mão no estômago, respirando devagar, como se o mundo estivesse prestes a desabar a qualquer segundo.
E talvez esteja.
Meu peito aperta.
Eu falo antes que consiga me controlar:
— Como é que você saiu de casa… para morar… aqui?
Ella fecha os olhos por um segundo — como se o som da minha voz doesse.
Como se eu fosse o problema.
E talvez eu fosse mesmo.
E