Saio do prédio onde Ella está vivendo como se tivesse levado um soco no estômago. O ar frio da manhã raspa minha garganta, mas nada consegue acalmar o calor sufocante que sobe pelo meu peito.
Ela está escondendo alguma coisa.
E agora eu tenho certeza:
É grave.
Minhas mãos tremem no volante enquanto ligo o carro. Tento respirar, mas é como se algo me apertasse a caixa torácica por dentro.
Ella sempre foi transparente comigo. Até quando tentava disfarçar, seus olhos contavam a verdade.
Hoje… não.
Hoje ela mentiu para mim.
Hoje ela evitou me olhar.
Hoje, pela primeira vez desde que voltou para a minha vida, Ella pareceu com medo de mim.
E isso é o que me mata.
***
Dirijo quase no automático até a empresa. Mas não entro. Viro à esquerda, estaciono na vaga reservada a Olívia e quase arranco a porta do carro quando desço. Entro no prédio e a segurança só faz sinal respeitoso — estou com a minha pior expressão possível, e todos sabem que é melhor não cruzar o meu caminho nessas horas.
Subo a