Sentado ali, na poltrona da recepção, estava ele, com o semblante abatido, olheiras fundas e o maxilar tenso. O relógio do saguão marcava um pouco mais das dez. O saguão exalava o perfume de tulipas frescas, mas para ele o aroma parecia enjoativo.
Já elas pareciam distraídas, com as mãos entrelaçadas, rindo baixinho de uma bobagem qualquer. Mas o riso morreu no instante seguinte. Alice foi a primeira a ver. Parou bruscamente, o coração martelando no peito. Valentina notou e seguiu seu olhar. Os olhares se encontraram cúmplices, culpados e assustados. Um lembrete de que a realidade voltava a se impor.
Rique as observava atentamente. Mas não disse uma palavra. Apenas... analisava a situação. E naquele instante para elas, tudo o que haviam vivido pareceu desmoronar.
— Onde vocês estavam enfiadas? — Estourou de repente, caminhando até elas com passos firmes.
Alice soltou a mão de Valentina num reflexo. O silêncio entre elas era afiado como lâmina.
— Sabem que horas são? Desde quando esto