A Esposa Perfeita
A Esposa Perfeita
Por: Moor
Capítulo 1
A morte se aproximava, e eu aceitei esse desfecho com serenidade.

Meu companheiro, Simon, aproximou-se de mim com o rosto carregado de tristeza.

— Zara, sua irmã Laila nasceu frágil, é uma ômega com a capacidade de cura mais fraca. Agora, um de seus rins entrou em falência. Só um transplante poderá salvá-la.

Ele tirou um Acordo de Dissolução de Relação de Companheirismo e, após hesitar longamente, falou entre os dentes cerrados:

— Somente o seu rim é compatível com o da Laila. Mas se você se recusar a doá-lo, então... teremos que assinar este acordo. Laila tem pouco tempo de vida. Antes de morrer, ela quer realizar uma Cerimônia de Marcação. Após conversarmos em família, me pediram para realizar esse desejo.

— Eu te amo. Só estou fazendo isso para que Laila parta sem arrependimentos.

— Quando ela se for... nós voltamos a ficar juntos, tá bom?

Fiquei olhando, atônita, para o Acordo de Dissolução nas mãos de Simon. Desde que o rim de Laila falhou, toda a família passou a torcer para que eu doasse o meu.

Mas o que ninguém sabia... é que eu também só tinha um rim.

Quando recusei o transplante, todos ficaram profundamente decepcionados, repetindo sem parar que eu era imatura:

— Sua irmã está morrendo! Com apenas um rim seu, ela pode sobreviver! Zara, como pode ficar olhando enquanto sua irmã morre?

Eles se recusaram a me ouvir, e até me expulsaram de casa.

— Nesta casa, não criamos filhas egoístas. Se não vai salvar sua irmã, então vá embora!

Até mesmo meu companheiro exigia que eu doasse meu rim. Caso contrário, queria que eu deixasse meu lugar de companheira para ela.

Mas agora que estou prestes a morrer... dar o rim para eles já não faz diferença alguma.

Falei com frieza:

— Tudo bem. Eu concordo em doar para minha irmã.

Simon ficou paralisado por um instante. Depois ergueu os olhos, tomado por alegria.

— Sério? Isso é maravilhoso! A Laila não vai mais morrer!

Ele rasgou o Acordo de Dissolução de Relação de Companheirismo e, ansioso, me levou à Casa da Cura.

Logo que souberam da notícia, meus pais também correram para lá. Mamãe abraçou Laila com emoção e chorou:

— Laila, você está salva! Não vai mais precisar deixar a mamãe...

Papai, com medo de que eu voltasse atrás, ordenou imediatamente à bruxa curandeira que trouxesse o Termo de Consentimento para Transplante.

Só depois de verem, com os próprios olhos, minha assinatura no papel, é que me olharam aliviados e disseram:

— Zara, você finalmente amadureceu. Aprendeu a amar sua irmã. E não pense que somos injustos com você: Laila sofreu demais. Por isso, seu corpo é tão frágil. Ela precisa de mais cuidados. Mas também não vamos te deixar de mãos vazias. Você tem direito a uma parte da herança que pertence à Laila.

Balancei a cabeça, engolindo a amargura:

— Deixem tudo com ela. Eu não vou mais precisar.

Mamãe se assustou e me deu um tapinha, fingindo repreensão:

— Que bobagem é essa? Como não vai precisar? Mesmo que seu companheiro seja o guerreiro mais forte da Alcateia Lua Gloriosa e te dê uma vida próspera, você ainda assim não pode desprezar os bens da família!

Fiquei atônita. Havia quanto tempo minha família não falava comigo com tanta gentileza?

Desde a cirurgia de transplante do meu pai, cinco anos atrás, quando fugi no último minuto e minha irmã subiu à mesa no meu lugar, nunca mais me olharam com carinho.

Porque Laila salvou o papai, disseram que eu devia a vida a ela — que a partir dali, tudo que eu fizesse por ela seria obrigação.

Desde então, todas as coisas boas passaram a ser dela.

Laila começou a me perseguir, me caluniar, me armar armadilhas... aos poucos, meus pais passaram a me odiar.

Até que tudo o que eu fazia, estava errado.

Antes, talvez eu ainda tentasse me defender. Mas agora... eu apenas me calava de cansaço.

Depois de falar comigo, mamãe correu de volta para o lado da Laila, cheia de carinhos. Papai e Simon também se juntaram.

Todos eles estavam reunidos ao redor de Laila, como uma família feliz.

E eu... fiquei sozinha num canto.

Um estorvo. Uma estranha. Uma peça descartável.
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