Kieran
O mundo some quando eu vejo a mão dele no pulso dela. Não existe floresta. Não existe neve. Não existe alcateia.
Existe só o vermelho.
Fenrir se projeta dentro de mim com uma violência que eu não sinto há anos. Não é fúria cega. É algo mais antigo. Mais profundo. É o instinto que nasce quando alguém ameaça o que é meu.
— “Agora.”
Eu me movo antes que o pensamento se forme por completo.
Rafael solta o pulso de Melissa no mesmo instante em que me vê avançar, mas já é tarde. Meu ombro acerta o peito dele com força suficiente para jogá-lo contra uma árvore. O som do impacto ecoa seco.
Ele cai, mas tenta se levantar rápido demais.
Erro.
Seguro sua garganta com uma mão e o levanto do chão como se não pesasse nada. O cheiro do medo dele se mistura ao sangue que já começa a escorrer do canto da boca.
— Você tocou nela. — digo, a voz não soa como minha.
Fenrir rosna por dentro, enlouquecido.
— “Arranca.”
Rafael tenta falar, mas aperto mais.
— Você não tem ideia do que fez. — continuo. —