O cheiro forte de comida barata e óleo velho impregna o ambiente abafado da cozinha do Centro Penitenciário de Luxemburgo. O ar pesado se mistura ao barulho das panelas batendo e às vozes cortantes das detentas, cada uma ocupada com suas tarefas diárias.
Florence já conquistou seu espaço ali, movendo-se com naturalidade pelo ambiente, como se pertencesse àquele lugar há muito mais tempo do que gostaria de admitir. Diferente das outras, ela não somente sobrevive, domina.
Seu olhar atento percorre a movimentação ao redor, analisando cada detalhe, cada troca de sussurros entre as detentas. Com o tempo, se tornou uma peça influente ali dentro. Sabe a quem ouvir, a quem evitar e, mais importante, como fazer com que ouçam a ela. Naquele lugar, força não é apenas física, é psicológica, estratégica. E Florence tem ambas.
Poucas semanas atrás, ela entrou naquela cela como qualquer outra criminosa, mas não demorou para transformar a prisão em seu novo tabuleiro. Manipular homens sempre foi seu