Liam
O telefone tocou pouco depois das duas da manhã. Não era um horário em que se ligava para mim sem motivo. Atendi de supetão, ainda com o copo de uísque pela metade na mão, a cabeça pesada. Do outro lado, silêncio.
— Quem é? — minha voz saiu áspera, carregada de álcool.
Um chiado. Depois, uma voz rouca, distorcida, quase uma caricatura de ser humano:
— Quer ver sua babá? Vai até a rua Knox, número 57. O bar dos esquecidos. Ela deve estra lá, esquecida...
— Quem diabos é você? — rosnei, erguendo o corpo. — Que porra você quer? — A linha caiu.
Por um segundo, achei que fosse uma brincadeira de mau gosto. Até que a mensagem vibrou na tela: um endereço. E uma foto borrada, recente. Kyra — caída, com o rosto virado para o lado, as roupas amarrotadas, como se tivesse sido jogada no chão feito lixo.
O gelo se espalhou nas minhas veias.
O copo caiu da minha mão, o uísque manchando o tapete.
Peguei a chave do carro. Nem pensei. Não havia nada além da raiva que latejava no meu crânio, a