Liam
Dirigi em silêncio. O carro parecia pequeno demais para a fúria que me consumia. Eu a ouvia respirar, lenta, pesada pelo álcool. Ainda assim, cada som dela me atingia como um convite. Quando finalmente estacionei em frente à mansão, fiquei alguns segundos sem me mover. Eu podia simplesmente deixá-la ali, dormir no banco de trás como uma qualquer. Mas Kyra não era qualquer. Nunca foi e nunca seria.
Saí do carro, contornei até a porta traseira e a abri. Ela me olhou com os olhos semicerrados, a maquiagem borrada, os lábios entreabertos. Linda. Mesmo destruída, ainda era linda.
— Vamos. — Minha voz saiu firme ao encará-la.
Ela balançou a cabeça, como uma criança birrenta.
— Não quero... você me odeia... — o sussurro mal alcançou meus ouvidos. — Pode ir, eu vou sair do seu carro assim que você der às costas.
Inclinei-me e, sem pedir permissão, passei um braço por baixo de suas pernas e outro em sua cintura, erguendo-a. Kyra arfou, surpresa, mas não fez questão de me soltar.
— M