JADE
A casa dele parecia um castelo. Mas sem alma. Sem riso. Sem calor.
Cada canto era bonito, caro, exagerado. Mas… morto.
Eu segui a empregada até meu quarto. Era enorme. Cheio de luxo. O guarda-roupa transbordava vestidos, sapatos, coisas que eu nunca nem sonhei.
Não mexi. Não encostei.
Era tudo dele. Nunca meu.
Fiquei no banheiro tempo demais. Precisava da água quente no rosto. Precisava lembrar quem eu era. Precisava calar a voz que dizia: você tá presa, Jade.
Deitei sem sono. Olhei o teto. Fechei os olhos. Amanhã eu ia ver a minha mãe. Era o que importava.
(…)
Acordei cedo. Me vesti simples. Jeans. Camiseta. Prendi o cabelo num coque frouxo.
Desci.
Ele já tava lá. Sentado. Café na mesa. Dono do mundo. Olhou pra mim devagar, de cima a baixo.
Aquele olhar dele que pesa. Que invade.
— Senta, Jade. Come. Não precisa medo. Eu não mordo. Só se pedir. Aí eu mordo gostoso.
Ignorei. Me servi. Me sentei. Sem olhar.
Ele riu. Devagar. De quem gosta de ver a luta.
— Vai pro hospital?
— Vou.