JADE
Hoje eu agradeci por ter um cão de guarda. Um de verdade.
Júnior estava do meu lado, firme, braço cruzado, a respiração contida. Mas mesmo assim, eu sentia o medo me roendo por dentro. Um medo que tinha nome, olhar e cheiro: Donatello.
Ele tava parado ali, com aquele jeito calmo demais pra quem carrega veneno no sangue.
Júnior (frio, direto):
— O Ravi sabe que você tá cercando a mulher dele, Donatello?
Donatello (rindo, debochado):
— Cercando? Que drama, Júnior. Eu só esbarrei com ela. Coincidência.
Júnior (duro):
— Coincidência é o caralho. Não tem nenhum parente teu internado aqui. Então repete: o que você tá fazendo nesse hospital?
Donatello:
— Vim buscar uns documentos. Coisa de chefia. Mas você tá nervosinho demais. Tá se doendo por quê? Tá se achando dono da mulher do Ravi agora?
Ele deu um passo à frente e olhou direto pra mim. Senti a pele arrepiar. Sujo. Aquele olhar me deixou enjoada.
— Parece que você virou o cachorrinho dela. Falta só mijar em volta pra marcar territó