04

MANUELA

Meus olhos ficaram direcionados para a janela do automóvel, continuo sem conseguir desviar os olhos daquela direção. Embora já seja noite, o tráfego de veículos era intenso, havia carros por todos os lados, como se ninguém dormisse nessa cidade. Depois do engarrafamento que durou quase uns dez minutos, não fizemos mais nenhuma parada até chegarmos à frente de um grande portão e não demorou muito para que ele fosse aberto. Assim que o veículo parou, um barulho sutil ecoou, indicando que a porta estava aberta. Assim que saímos do carro, meus olhos ficaram fixos na mansão luxuosa. Para ser mais clara; um palacete belíssimo, e com várias janelas majestosas. Ele caminhou em direção à entrada principal e no momento que ia me mover, senti um calafrio percorrer a minha espinha e um forte incômodo pairou sobre mim. Fiquei totalmente imóvel, era como se algo de ruim fosse acontecer, meu coração estava agitado e minha respiração tornou-se pesada. Eu não sei o que estava acontecendo comigo, porque por dentro, a sensação que eu tinha, era que todo o meu corpo estava tremendo.

— O que foi irmã? — Leo perguntou preocupado.

Toda minha atenção se voltou para ele e reunindo todas as minhas forças, eu assumi o controle do meu corpo e com passadas largas, voltei a me movimentar e assim que as portas foram abertas, fiquei atordoada com o tamanho do imóvel. A mansão era imensa, com móveis luxuosos, lustres de cristal, mármore por toda extensão do piso, coberto por tapetes belíssimos. Sinto meu irmão soltar a minha mão, olhando para tudo ao seu redor.

"Meu Deus!" — ele parecia não acreditar no que estava vendo, no entanto, eu que fiquei surpresa com as palavras ditas por ele.

— Tio, nós vamos ficar aqui?

Leonardo sempre foi uma criança arredia, mas já havia percebido que isso não aconteceu em relação a Elliot.

— Hoje ficaremos aqui, amanhã cedo iremos para Florença. Vamos, vou mostrar o quarto em que irão ficar.

 

Instantes depois...

Já estávamos no quarto e ao contrário daquele em que passamos alguns anos, este era três vezes maior e tudo tinha luxo em excesso. Leo já havia tomado banho e estava deitado sobre a enorme cama, enquanto eu acabei seguindo para o banheiro, queira tirar o cheiro daquele maldito da minha pele. Depois de me livrar das minhas roupas, entrei no box, claro que nem ia dizer que o banheiro era enorme, mas tudo que eu queria era deixar que a água levasse pelo ralo todas as lembranças ruins. Minutos depois, de banho já tomado, acabei pegando um vestido leve para usar e quando ia me deitar, meu irmão se levantou.

— Você está sentindo algo, Leo?

— Eu estou com sede.

— Deixa que eu vou pegar um pouco de água para você — dito isso, segui rumo a porta, depois que passei por ela e a fechei, parei quando a porta do quarto ao lado foi aberta revelando o homem de beleza estonteante.

Ele estava somente com uma calça moletom, seu peitoral desnudo e os cabelos ainda úmidos indicando que havia acabado de tomar banho. Engoli em seco quando este começou a se mover vindo em minha direção.

 

ELLIOT

Tinha acabado de tomar banho e precisava ir até o meu escritório. Ao sair do meu quarto, encontro a bambina que ao me ver mudar logo sua expressão, em passos firmes vou ao seu encontro, Manuela permanece imóvel com os olhos fixos em mim.

— Espero que aproveite bem, suas últimas noites dormindo com seu irmão, em breve estará na cama do seu marido — vi quando suas bochechas ganharam um tom avermelhado, coloco os braços na parede, a deixando encurralada.

— O que você está fazendo?

— O que você acha que eu faria? — perguntei em uma voz surpreendentemente calma. Talvez Manuela não entendesse ainda, mas o casamento seria sua gaiola, seu corpo e seu coração seriam meus. Sorri sombriamente.

— Poderia me deixar passar? Preciso ir até a cozinha.

— Está com medo de ficar tão próximo a mim, senhorita Ricci?

— Por que eu ficaria? — me lançou um olhar desafiador. Antes que ela voltasse a falar novamente, pego em seu rosto e lentamente passo os dedos pelo seu cabelo, sinto seu corpo tremer à medida que minhas mãos tocam em sua pele, seus batimentos aceleram quando puxo o seu corpo ao encontro do meu e sem dar tempo nenhum para ela saber o que estava acontecendo, grudei nossos lábios. A beijei levemente no início, quando senti que ela não tentou resistir, esmaguei meu corpo contra o seu, minha língua escorregando entre seus lábios, nossas línguas brincando, ela tinha o gosto tão doce. Segurei a parte de trás do seu pescoço enquanto a minha boca a devorava, meu corpo já estava em chamas e queria muito mais, quando minhas mãos deslizaram por suas costas, senti mãos delicadas indo de encontro do meu corpo, me afastando. Nem de longe ela conseguiria fazer com que meu corpo se movesse um centímetro, mas eu a quero por inteiro, ela se entregará a mim por completo. E com isso em mente, aos poucos fui me afastando sem desviar meus olhos dos seus, enquanto observo sua face corada, ela parece perdida em seus pensamentos, uma faísca de satisfação vibra embaixo da minha pele.

 

Algum tempo depois...

MANUELA

Depois do que aconteceu no corredor, eu nem sei como consegui chegar à cozinha. Embora tivesse tomado banho a pouco tempo, um calor escaldante tomou conta de todo o meu corpo, não conseguia parar de pensar no que havia acontecido e nem esquecer a sensação de ter os seus lábios grudados no meu, de quanto me sentir quente quando meu corpo ficou colado no seu. No começo eu queria resistir, mas algo gritou mais alto e vibrava na expectativa do que iria acontecer. A sensação era de que tinha borboletas em meu estômago, meu corpo parecia estar flutuando e quando ele interrompeu o beijo, fiquei perdida sentindo um grande vazio. Desde que cheguei de volta ao quarto, meu irmão acabou sendo vencido pelo cansaço, mas isso só veio a acontecer quando este terminou de tecer vários elogios a Elliot Lancaster, dizendo que seus punhos pareciam feitos de aço e como ele nocauteou o inimigo. Leonardo era ciente de que Lancaster era um mafioso e não um príncipe encantado que veio ao resgate da sua amada.

Ele por diversas vezes chorava questionando o porquê de eles não virem nos ajudar, nos deixando passar dificuldades. Porém, jamais iria imaginar que durante todo esse tempo aqueles dois usufruíram do dinheiro sem se importar com a necessidade que tínhamos e principalmente quando meu irmão estava doente. Por culpa de Francesca e Enrico não pude continuar meus estudos e cursar uma faculdade, tantas vezes meu irmão queria comer carne e só tinha ovos para oferecer. Teve que ir para a escola sem ter lanche para levar, mas embora com fome, se mantinha firme e não deixava transparecer para os amigos que tudo que queria era poder desfrutar de uma mesa farta e assim ter forças para estudar.

Não tenho vergonha de pôr diversas vezes ter sido chamada como a garota dos potes de doces. De receber olhares de reprovação e repudia por aquelas que andavam bem arrumadas, enquanto eu tinha que me contentar com o pouco que tínhamos, afinal de contas, tudo que eu queria era ter o que levar para casa e alimentar o meu irmão. 

Embora esteja com o coração agitado e um misto de sensações desconhecidas pairassem sobre mim desde aquele beijo, sei que o mundo sombrio da máfia não é um conto de fadas, porém tenho plena consciência que este casamento pode ser a nossa salvação e que através dele, eu posso proporcionar uma vida melhor para Leonardo e por ele, eu sou capaz de tudo.

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