Capítulo 4
Sam ficou paralisado, incrédulo. A voz saiu rouca, em um tom baixo de desespero:

— Isso não pode ser verdade. Nós planejamos comemorar o aniversário dela juntos... Como isso pôde acontecer com ela?

O beta, com o rosto sombrio, falou em voz baixa:

— Alfa... O tripulante disse que sua companheira partiu sozinha com o iate. Ele contou que ela parecia... profundamente abatida. Depois disso, não houve mais notícias durante toda a noite... Então veio o tsunami. Encontraram a embarcação dela, sozinha, devastada pela onda, aos pedaços. E sem nenhum sinal da senhora a bordo.

— Não! — Sam o interrompeu, gritando, a voz subitamente aguda e trêmula. — Eu não acredito! Por que ela sairia sozinha? Por que ninguém me avisou?

O beta hesitou por um momento antes de responder, com cautela:

— Alfa... O tripulante tentou te ligar a noite inteira, mas... Seu celular estava desligado.

O olhar de Sam caiu sobre o aparelho.

A tela escura. Morta.

Com os dedos tremendo, apertou o botão de ligar. Quando o celular finalmente acendeu, seus olhos se tornaram gélidos.

Ele virou-se bruscamente para Lily e rosnou, furioso:

— Foi você que desligou o meu celular?

Lily estremeceu por um instante, mas logo se recompôs, disfarçando:

— Sam... Por que eu faria uma coisa dessas? Pode ter sido sem querer, ou talvez tenha acabado a bateria... Você não pode me culpar assim!

A voz dela estava carregada de indignação e falsa inocência, como se não soubesse de nada.

Sam não respondeu. Seus olhos estreitaram-se, a pupila afiada como uma lâmina.

Em um piscar, seu corpo se tensionou e ele disparou como uma flecha negra rumo ao cais.

Ao chegar, encontrou a embarcação já rebocada. Guardas da Lua Prateada conversavam com o tripulante. Um deles se aproximou de Sam, com o rosto carregado de gravidade:

— Alfa Sam, não encontramos sua companheira a bordo. Segundo o depoimento do tripulante e as imagens do monitoramento, o iate entrou deliberadamente na zona do tsunami. A destruição naquela área foi severa. As chances de resgate... São mínimas.

— Por que ela faria isso...? Isso não pode ser verdade... — Murmurou Sam, os olhos perdidos no vazio.

— Aconteceu algo recentemente que poderia ter abalado o emocional dela? — Perguntou um dos guardas.

Sam balançou a cabeça, sem foco, a voz embargada:

— Ela estava tranquila esses dias... Não demonstrou nada incomum...

Nesse momento, o beta se aproximou em silêncio e sussurrou ao ouvido dele:

— Alfa... Veja o Instagram da senhora.

Sam, desesperado, desbloqueou o celular e entrou no perfil do Instagram da Any.

A primeira coisa que apareceu na tela foi uma nova publicação.

Assim que leu as palavras, foi como se um raio o atravessasse.

[O que chamam de amor, no fim, não passou de um sonho falso de cinco anos. A verdade... Deixo para vocês verem com os próprios olhos.]

Abaixo, havia um vídeo.

Com os dedos trêmulos, Sam tocou para reproduzir.

Na tela, Any aparecia sozinha, em seu laboratório improvisado.

O vídeo registrava, do início ao fim, o processo completo de criação do antídoto contra o veneno da raiz do veneno de lobo, desde os primeiros esboços da ideia até os detalhes mais técnicos da preparação.

Cada movimento dela era meticuloso, dedicado, quase sagrado.

E, enquanto trabalhava, Any sorria suavemente e dizia:

— Esse é o presente que estou preparando para o meu companheiro. Um ano atrás, numa missão, ele ingeriu por acidente a raiz do veneno de lobo e, infelizmente, sofreu uma mutação temporária de fúria. Eu queria criar algo que não apenas neutralizasse o veneno, mas também acalmasse os surtos violentos. Estou quase conseguindo. Falta só uma erva muito rara... Não vou conseguir terminar antes do meu aniversário, mas assim que ele passar, irei pessoalmente colhê-la na Floresta Sombria...

Sam olhava fixamente para a tela, sem piscar.

Seus dedos tremiam. Seus olhos estavam tomados de choque e desespero.

A voz dela, o sorriso dela, a esperança pura em cada palavra... Agora ecoavam como facas em seu peito.

Na mente dele, ressurgiu a última vez em que a viu.

O olhar que Any lançou para ele.

Era um olhar que ele nunca tinha realmente enxergado.

Ali havia mágoa.

Havia decepção.

E uma tristeza tão profunda que ele jamais poderia ter imaginado.
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